20 de setembro de 2024

Está tudo caminhando para os dias 15 e 16 de agosto quando milhares de mulheres e movimentos sociais, populares e sindicais do campo e da cidade estarão em Brasília (DF) para momentos de protesto, debates, apresentação de reivindicações e negociações com o governo federal. Esta é a sétima edição da Marcha das Mulheres organizada pela CONTAG.

Um pouco de história cabe bem nesse momento. A Marcha das Margaridas é uma ação estratégica conduzida e protagonizada por mulheres trabalhadoras rurais do campo, das florestas e das águas com a finalidade de construir visibilidade pública e conquistar reconhecimento social e político.

A mobilização é feita e coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), suas 27 federações e sindicatos filiados, e se constrói em parceria com outros coletivos e movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.

A Marcha das Margaridas envolve processos formativos e de debates, ações políticas e de mobilização, de denúncia e reivindicação, enraizadas em cada território e comunidade até chegar às ruas de Brasília, no Distrito Federal, capital do país.

Na Região do Cariri, diversas entidades sindicais e populares já estão realizando reuniões de mobilização, fazendo vaquinhas, coletando apoios e se preparando para a viagem rumo à marcha. Uma reunião já aconteceu, por exemplo, no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Crato.

A Marcha das Margaridas é inspirada na vida e luta de Margarida Maria Alves, sindicalista paraibana da cidade de Alagoa Grande, assassinada em 12 de agosto de 1983, por um matador de aluguel a mando de fazendeiros da região. Margarida foi a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade nos anos 1970.

Ao longo de 12 anos à frente da organização, moveu mais de 600 ações trabalhistas em defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e contra latifundiários da região. À época, as principais pautas reivindicadas pelo sindicato eram o registro em carteira de trabalho, jornada diária de trabalho de oito horas, direito ao 13º salário e às férias. Segundo autoridades, o assassinato de Margarida Maria Alves envolveu fazendeiros, usineiros, pistoleiros e um policial militar, mas ninguém foi condenado.

Vai sair do Nordeste brasileiro diversas caravanas com destino à Brasília. Ceará, Pernambuco, Bahia, Piauí, Paraíba e demais estados já se preparam. Em Minas Gerais, o Coletivo Resistência e o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) organizaram uma vaquinha solidária para que todas possam ir à marcha. A mobilização deste ano tem como lema Pela Reconstrução e pelo Bem Viver.