24 de novembro de 2024

A taxa de ocupação dos leitos de UTI para tratamento exclusivo de pacientes infectados com a Covid19, no Ceará, está atualmente em 64,25%. Este é o menor índice desde 7 de janeiro deste ano,
quando o percentual era de 62,19%. No entanto, o cenário de redução não é uniforme em todas as
regiões do Estado. O Cariri é a única que tem taxa superior a 80%.
Dos 123 leitos ativos e ofertados pelo Estado na região, 110 estão ocupados, o que representa taxa de
80,49%. O Hospital Regional do Cariri (HRC) é a unidade de saúde detentora do maior número de
leitos de UTI, com 58. Destes, 52 estão atualmente preenchidos, o que representa taxa de ocupação
de 89,65%.

A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato com a direção do HRC para comentar sobre a alta
taxa de ocupação e se o índice preocupa. No entanto, até a publicação da matéria os esclarecimentos
não foram enviados.
Já o infectologista caririense, Pablo Pita avalia que a ocupação atual no Cariri, puxado pela alta taxa do
HRC, deve-se à demanda de cidades menores que não dispõe de atendimento de alta complexidade.
“Todas esses municípios da região enviam pacientes para Juazeiro, o que contribui para alta taxa do
HRC. Vale ressaltar que a unidade responde por 45 cidades. Ele [o hospital] é a grande referência da
região, então é natural que essa ocupação esteja sempre um pouco acima da média de outras
localidades que dividem os atendimentos em mais unidades”, detalhou Pita.
A segunda região com maior taxa de ocupação é o Litoral Leste/Jaguaribe, com exatamente 80% das
vagas preenchidas. No entanto, a região conta com apenas 20 leitos ativos, conforme dados do
IntegraSus.
No lado oposto, está a região de Fortaleza – que contempla 43 cidades da RMF. O índice de ocupação
é de 58,75%, o menor dentre as cinco regiões de Saúde do Estado. A região de Fortaleza dispõe,
atualmente, de 592 leitos ativos.

Ocupação de leitos UTI-Covid:
Cariri – 80,49%
Litoral Leste/Jaguaribe – 80%
Sobral – 68,70%
Sertão Central – 67,57%
Fortaleza – 58,75%
Média geral: 64,25%

Essa redução geral na média dos leitos ocasionou uma expressiva queda no número de pessoas à
espera de leitos. Atualmente são 39 pacientes, dentre os quais 10 aguardam por regulação na UTI.
Este é o menor número de pessoas na fila de espera desde o início deste ano.
O segundo dia com menor número de pacientes no aguardo por leitos foi em 10 de janeiro, quando a
Sesa registrava 26 pacientes por espera de leitos de enfermaria e 9 de UTIs.
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NO SUL DO ESTADO
A região do Cariri, no Sul do Estado, foi a última a sair das restrições mais rígidas impostas por decreto
estadual. A manutenção das medidas à época foi justificada, pelo governo do Estado, e pelo secretário
da Saúde, Dr. Cabeto, devido à incidência de transmissão, que estava superior à média estadual.
“Observamos que a pandemia no Cariri ocorria de forma similar às demais regiões, mas com um
‘atraso’ de duas a três semanas. Por exemplo, quando explodia os casos em Fortaleza, aqui só
viríamos sentir alguns dias à frente. Assim como quando os casos começavam a declinar na Capital, no
Cariri essa queda viria cerca de três semanas depois”, ilustra Pablo Pita.
A ilustração do especialista se reflete nos números. Agora, após declínio dos casos nas demais
regiões, o Sul começa a apresentar redução na média móvel de casos.
Na última segunda-feira, dia 4, a média estava em 85,42. Ontem, dia 6, essa média chegou a 56,41. A
queda sugere uma desaceleração da taxa de contaminação da doença, na região.
Pablo Pita, reconhece que a região superou o platô e entrou em uma tendência de queda, mas alerta
que é preciso atenção e manutenção das medidas não farmacológicas para que os casos não voltem a
subir.
Até que ocorra a imunização de rebanho, a qual especialistas avaliam ser necessário vacinar pelo
menos 75% da população, Pita reforça a necessidade de “manter o distanciamento social e uso de
máscara e álcool em gel” para evitar surgimento de novos casos.
O infectologista pondera que, especificamente em relação à cidade de Juazeiro do Norte – a maior do
Interior cearense – “cerca de 10% da população tiveram testes positivos para infecção com o vírus, o
que significa que um grande contingente ainda estaria ameaçado de contaminação”.
Desta forma, continua o médico especialista, “diante de um público tão grande, é primordial manter o
alerta e os cuidados para impedir a cadeia de transmissão”.

ADESÃO DA POPULAÇÃO
Para a manutenção dessas medidas não farmacológicas, Pablo Pita detalha ser preciso adesão da
população o que, em sua avaliação, não foi “abraçada por parte dos moradores”.
Ele se refere ao período em que a região permaneceu em isolamento social restritivo. Neste ínterim,
diversas festas clandestinas foram flagradas, assim como houve seguidos registros de aglomerações.
“O Brasil não conseguiu eficácia durante o lockdown, como ocorreu em países da Europa. No Cariri
não foi diferente. Muitas festas, aglomerações e diversas outras ocorrências que acabam contribuindo
na disseminação do vírus”, critica Pita.
NÚMEROS NO CEARÁ
A pandemia da Covid-19 já acumula, no Ceará, 896.564 casos registrados de infecções, além de
outros 70.202 que ainda estão em investigação. Ao todo, 22.848 pessoas morreram por decorrência do
vírus SARS-Cov-2. A taxa de mortalidade no Estado é de 2,5.
Os dados foram extraídos do portal IntegraSus, plataforma oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do
Estado às 10h13 desta quarta-feira (7).

Fonte: Diário do Nordeste

Foto: Antonio Rodrigues