10 de junho de 2025
Israel intercepta Flotilha da Liberdade e leva ativistas à força; ONG denuncia sequestro

A Flotilha da Liberdade foi interceptada por militares israelenses e seus ativistas foram sequestrados (Foto: Reuters)

O navio Madleen, que levava ajuda humanitária com destino à Faixa de Gaza, foi interceptado por forças israelenses neste domingo (8) a aproximadamente 160 quilômetros do território palestino, ainda em águas internacionais. A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel, que afirmou que a tripulação está sendo levada para o país. A informação é do Al Jazeera.

O Madleen fazia parte de uma missão organizada pela Coalizão da Flotilha da Liberdade, iniciativa internacional voltada ao envio de ajuda à população de Gaza, que vive sob bloqueio imposto por Israel e pelo Egito desde 2007. A interceptação, considerada ilegal pelos organizadores e por diversas vozes da comunidade internacional, ocorreu enquanto o navio navegava de forma pacífica em águas internacionais.

A ativista e coordenadora da flotilha, Huwaida Arraf, denunciou o ocorrido como um sequestro. “Todas as pessoas a bordo foram raptadas. Elas foram levadas contra a vontade enquanto navegavam pacífica e legalmente em águas internacionais”, afirmou. Arraf também destacou que o trajeto estava direcionado às águas territoriais palestinas, sem qualquer aproximação da zona marítima israelense. “É preciso deixar muito claro que Israel não tem absolutamente nenhuma jurisdição, nenhuma autoridade legal para assumir o controle desta embarcação”, declarou.

A apreensão do Madleen gerou imediata reação de organizações palestinas. O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) qualificou a operação como “terrorismo de Estado organizado”. Em nota, o movimento afirmou: “Saudamos os bravos ativistas de diversas nacionalidades que se mantiveram firmes diante das ameaças e reafirmaram que Gaza não está sozinha.” O Hamas apontou ainda que a missão do Madleen e outras vindas de Argélia, Tunísia e Jordânia são provas vivas do fracasso da “máquina de propaganda israelense”.

A declaração exigiu a libertação dos ativistas e pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) uma condenação formal da ação israelense. “A apreensão do Madleen não silenciará a voz dos livres, nem deterá a crescente solidariedade global com Gaza”, conclui o texto.

Também por meio de nota oficial, o Movimento Mujahidim Palestino classificou a abordagem israelense como “ataque bárbaro” e “ato de pirataria internacional”, acrescentando que se trata de uma “flagrante violação de todas as normas e leis internacionais”. A organização exigiu a libertação imediata da tripulação, “que arriscou suas vidas em resposta à consciência livre, à moral e aos valores humanos que Israel está violando em Gaza”. O grupo também convocou a população global a seguir organizando atos e caravanas em apoio ao povo palestino.

A repercussão ultrapassou fronteiras e chegou ao parlamento australiano. David Shoebridge, senador do partido Australian Greens, condenou firmemente a ação militar israelense. “O ataque militar israelense a um barco cheio de ativistas desarmados, levando comida e medicamentos para Gaza, é uma clara violação do direito internacional”, afirmou. Shoebridge pediu sanções imediatas. “Essa agressão deve ser fortemente condenada e gerar consequências. O governo australiano deve impor sanções imediatas à indústria bélica israelense e ao governo de Netanyahu”, completou o parlamentar.

A apreensão do navio Madleen revive a memória de outras ações semelhantes, como a trágica abordagem da flotilha Mavi Marmara, em 2010, quando nove ativistas turcos foram mortos pela marinha israelense durante missão semelhante. A nova crise reacende o debate sobre a legalidade das ações militares israelenses em águas internacionais e sobre o agravamento do cerco imposto à população de Gaza, especialmente diante da atual escalada do conflito na região.

Ainda não há confirmação oficial do paradeiro dos ativistas detidos, nem sobre sua condição de saúde. A Coalizão da Flotilha da Liberdade afirmou que seguirá mobilizando governos e organismos internacionais para garantir sua libertação e responsabilizar Israel pelas violações cometidas.

Fonte: Brasil 247

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