Papa Leão XIII - Foto: Reprodução
A escolha do nome Leão XIV pelo novo papa da Igreja Católica remete ao pontífice Leão XIII, que recebeu o Padre Cícero Romão Batista em audiência no Vaticano, em 1898. O encontro marcou a tentativa do sacerdote cearense de reverter punições impostas pela Igreja no Brasil após os fenômenos ocorridos com a beata Maria de Araújo, em Juazeiro do Norte.
Padre Cícero chegou a Roma com apoio do bispo de Olinda, Dom Manoel, que o ajudou a arrecadar fundos para a travessia. No dia 6 de outubro de 1898, ao meio-dia, ele recebeu a notícia de que havia sido absolvido e caiu em lágrimas.
A audiência com Leão XIII foi intermediada pelo Monsenhor Cagianno. Ele se ajoelhou diante do Papa, o presenteou com um rosário de ouro e pediu a bênção para dois crucifixos. Um ele planejava entregar a Dom Manoel e outro a Dom Joaquim Vieira, bispo do Ceará. Em 2023, quando a audiência completou 125 anos, o Miséria relembrou o episódio histórico e seus desdobramentos.
Apesar do gesto de reconciliação, a situação do sacerdote não mudou ao retornar ao Brasil. Dom Joaquim manteve a punição, impedindo Cícero de celebrar missas ou exercer funções sacerdotais. A beata Maria de Araújo, por sua vez, foi isolada da vida religiosa, sendo proibida qualquer menção aos episódios místicos que a envolveram.
Mais de um século após o episódio, a reconciliação entre a Igreja e Padre Cícero foi oficialmente reconhecida. Em 2015, o Vaticano autorizou a reabilitação de sua memória, e, em 2022, o bispo de Crato anunciou publicamente a reconciliação histórica. Hoje, Padre Cícero é reconhecido como “Servo de Deus”, título concedido pela Igreja como primeiro passo no processo de beatificação.