14 de maio de 2025
Brasil lidera reunião do BRICS em defesa do multilateralismo

O Ministro Mauro Vieira participa da Primeira Reunião de Sherpas da presidência brasileira do BRICS - 25/02/2025 - Brasília-DF (Foto: Leticia Clemente/MRE)

Brasil lidera encontro do BRICS no Rio de Janeiro

O Brasil assume o protagonismo na reunião de chanceleres do BRICS, que ocorre nesta segunda (28) e terça-feira no Rio de Janeiro. O evento marca um momento crucial para o bloco, agora ampliado para 11 países, e serve como espaço de posicionamento diante de temas sensíveis da geopolítica atual, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a crise humanitária na Faixa de Gaza. A diplomacia brasileira aposta na construção de compromissos que reafirmem a defesa do multilateralismo e fortaleçam o papel do Sul Global.

Expansão do BRICS e reformas na governança global

Com a recente inclusão de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, o BRICS ganha peso nas discussões internacionais. O Brasil enxerga nesta ampliação uma oportunidade para impulsionar reformas na governança global, especialmente na ONU e na Organização Mundial do Comércio (OMC). A negociação do texto da declaração final da cúpula de líderes, prevista para julho, ocorre no Palácio do Itamaraty, no Rio.

Entre os temas prioritários estão as mudanças climáticas, a regulamentação da inteligência artificial, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e o fortalecimento das instituições multilaterais. A presença de países influentes do Oriente Médio fortalece as posições do BRICS sobre a crise em Gaza.

Desafios diante da guerra e apoio à candidatura brasileira

A guerra no Leste Europeu apresenta um cenário desafiador, com a Rússia desempenhando papel central nas negociações. O Brasil busca enfatizar a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU e pleitear apoio para uma vaga permanente. A China é vista como aliada estratégica nesse objetivo, enquanto a Rússia já manifestou apoio anteriormente.

Outro ponto importante para a diplomacia brasileira é a revitalização da OMC, que enfrenta crise de credibilidade diante de práticas protecionistas, como o tarifaço implementado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. A China propõe que o BRICS adote uma postura mais firme sobre o tema.

Propostas brasileiras para a cúpula do BRICS

Além da tradicional carta dos líderes, o Brasil propõe a adoção de dois documentos adicionais: um sobre financiamento climático e outro sobre governança da inteligência artificial. A intenção é reforçar que o combate às mudanças climáticas deve andar junto com a redução das desigualdades globais, pressionando países desenvolvidos a cumprir compromissos assumidos no Acordo de Paris.

Quanto à inteligência artificial, o Itamaraty quer destacar a tecnologia como ferramenta de inclusão social e de desenvolvimento estratégico, alertando para a necessidade de evitar o monopólio das grandes potências.

Critérios para novos membros e fortalecimento do BRICS

Os chanceleres também discutirão os critérios para a entrada de novos membros no BRICS. Atualmente, é exigido que o país mantenha boas relações diplomáticas com todos os integrantes do grupo, seja membro da ONU e não adote sanções unilaterais sem o aval do Conselho de Segurança.

O encontro no Rio de Janeiro é decisivo para moldar o futuro do BRICS em um cenário internacional fragmentado. A defesa do multilateralismo e a busca por uma nova ordem mundial mais equilibrada estão no centro das estratégias articuladas pelo Brasil durante esta reunião histórica.

Fonte: Brasil 247