Esse é o nosso terceiro artigo na sequência que traz elementos sobre a geopolítica e reflexões importantes do pensamento de uma mulher que ousa adentrar nesse emaranhado e conturbado mundo da política, entendendo que é a política que decide os rumos de nossas vidas.
Importante observamos que mesmo antes da Guerra Fria, os Estados Unidos tem se movimentado para garantir o controle hemisférico e para isso utiliza abordagem de diferentes ângulos. Lembrando que em décadas passadas, recorreram a “intervenções militares abertas e ao apoio a ditaduras”. Em consequência as técnicas de dominação exigiram ferramentas mais sofisticadas, dentre elas a sabotagem econômica, a manipulação midiática e uma guerra cultural levada a cabo por agências como a Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que opera como braço financeiro da política externa dos EUA, junto ao Fundo Nacional para Desgraça (NED), com o propósito de influenciar setores estratégicos como ONGs indígenas, movimentos ambientalistas e organizações esportivas. Todavia sua visão se estende desde comunidades rurais até elites urbanas – todas transformadas em campos de batalha ideológica –, um exemplo é o lance da indústria musical na Venezuela e em Cuba uma verdadeira estampa da crueza do modus operandi dessa máquina de manipulação. Roberto Shmidt da agência de notícia AFP nos convida a reflexão, quando afirma “os EUA sempre foram estranhamente egoístas ao buscar um monopólio para a definição de democracia”.
O pesquisador cubano Raúl Capote, especialista em operações encobertas da CIA, nos adverte sob a máscara da “promoção democrática”, operada nessa rede de agências na busca de destruir identidades coletivas, cooptar símbolos populares e reescrever narrativas históricas. A guerra não é uma peleja apenas no campo de batalha, mas também nos eventos de rock, nas letras das músicas e nos algoritmos das redes sociais. Não é? E quanto custa esse domínio?
A USAID que opera como braço financeiro da política externa dos Estados Unidos, em 2023 foi detentora de um orçamento de cerca de US$ 1,7 bilhão para América Latina. A agência adota sua retorica de “direitos humanos” e “assistência humanitária”, por outro lado, esconde um histórico obscuro de quando financiou a Operação Condor até as “revoluções coloridas”. Nos anos 60 a Aliança para o Progresso se concentrou no Grande Plano Marshall para instalar ditaduras. E hoje o objetivo é semelhante, pois trata-se de desgastar governos não alinhados por meio de uma guerra desigual.
O fundo para desgraça (NED), destinou mais de US$ 2,9 bilhões a projetos na região e a maior parte na cultura. “Não é filantropia: é engenharia social”. As agências se juntaram na Venezuela para investirem em festivais de rock e “novas bandas”, conforme demonstra documentos obtidos por meio da Lei de Liberdade de Informação em 2011. A situação da banda de Rawayana, grupo premiado no Grammy e vinculado a figuras como María Corina Machado – líder conservadora e da oposição ao governo Nicolás Maduro – nos mostra como a arte é instrumentalizada.