17 de janeiro de 2025
Biden retira Cuba da lista de terrorismo

Cubanos manifestam-se em defesa da revolução | Foto: Públicas/ACN

Nos últimos dias de sua administração, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, notificou a equipe de transição de Donald Trump sobre a decisão de retirar Cuba da lista de “Estados patrocinadores do terrorismo”. A medida, anunciada a menos de uma semana da posse do republicano, ocorre em um momento de incertezas sobre o futuro das relações entre Washington e Havana.

O alto funcionário da administração Biden confirmou a comunicação entre as administrações democrata e republicana sobre o tema: “Durante esse período de transição, as equipes têm se comunicado regularmente sobre uma série de questões, incluindo esta”.

Reação de Cuba
O presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez considerou a decisão “um gesto positivo, embora tardio e limitado”, destacando que o bloqueio econômico e as medidas extremas impostas desde 2017 continuam em vigor. “Não desistiremos de buscar uma relação civilizada que respeite nossa soberania com os Estados Unidos, mas continuaremos a confrontar a guerra econômica e as ações de interferência”, afirmou Díaz-Canel.

Impactos do Embargo e da Classificação
Cuba foi incluída na lista de patrocinadores do terrorismo em 2021, durante a administração Trump. Essa designação impõe sanções severas, incluindo restrições financeiras, proibição de exportações de defesa e controle sobre exportações de itens de uso duplo.
O impacto econômico é significativo: o governo cubano calcula prejuízos anuais de US$ 5 bilhões devido ao embargo econômico e comercial dos EUA, que vigora desde a década de 1960 e foi reforçado por legislações como as Leis Helms-Burton (1996) e de Democracia Cubana (1992).

Gestos de Boa Vontade e Libertação de Presos
Segundo o Departamento de Estado, a retirada de Cuba da lista foi baseada na ausência de evidências que sustentem as acusações de patrocínio ao terrorismo. A decisão busca também fomentar um ambiente favorável à libertação de presos em Cuba, incluindo participantes dos protestos de julho de 2021.

Fontes indicam que Washington articulou gestões com a Igreja Católica e outros governos para facilitar as negociações, resultando em um “gesto de boa vontade”. A libertação de presos está prevista para ocorrer antes da posse de Trump, segundo o alto funcionário, com um número “significativo” de pessoas sendo beneficiadas.

Possibilidade de Reversão
Especialistas alertam que a decisão de Biden pode ser revertida pelo governo Trump assim que o republicano assumir a presidência. A chancelaria cubana destacou a falta de consistência e ética na postura dos Estados Unidos em relação ao país.

Desde 2021, Biden prometeu revisar a política em relação a Cuba, mas adiou iniciativas após protestos antigovernamentais na ilha. Enquanto isso, Trump endureceu as sanções durante seu mandato, reforçando o embargo econômico. Com a iminente mudança de comando na Casa Branca, o futuro das relações entre os dois países permanece incerto.

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