Manifestantes se reúnem para protestar contra a escala 6×1 (seis dias de trabalho e um de descanso) na manhã desta sexta-feira, 15, feriado da Proclamação da República. Ato ocorre na Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza, assim como em diversas outras capitais.
Líderes sindicais, representantes do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e trabalhadores se misturam na Praça e celebram o avanço da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita a semana de trabalho a 36 horas, encabeçada pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP).
“Estamos muito felizes com essa mobilização”, aponta Jéssica Fontenele, líder do VAT. “A gente finalmente conseguiu colocar contra a parede aqueles que fazem falso discurso contra os trabalhadores. É difícil enganar. Ou você é contra ou você é favor”, argumentou ela.
“Está ficando constrangedor para os donos do poder assumirem francamente que são contra a classe trabalhadora. Nossa expectativa é conseguir mais assinaturas, tanto na PEC, quanto na petição pública de apoio”.
“A gente entende que essa luta não tem que ser travada só numa cúpula, só no parlamento. É uma luta que precisa ser travada nas ruas, com a classe trabalhadora”.
A fortalezense acrescenta que, apesar da PEC ter obtido as assinaturas necessárias para tramitação, “a gente ainda precisa vir às ruas, precisa fazer uma frente, reivindicar a aprovação da proposta”.
Um dos manifestantes presentes é Ivar Ellery, que já trabalhou na escala 6×1 no âmbito de restaurantes. “Como uma pessoa casada, não tinha tempo para passar com minha esposa, minha família”, afirma.
“O único dia de descanso na escala 6×1 [domingo] acaba não sendo de descanso. A gente cozinha, limpa a casa, lava a roupa. É uma jornada que nos cansa de uma forma tão grande, porque realmente não há descanso”.
Entenda
Atualmente, a escala 6×1 (seis dias trabalhados e um dia de folga) é mais comum nos setores comerciais e de serviços, onde a folga semanal pode ser dividida em dias alternados na semana, sendo preferencialmente aos domingos.
Após computar a marca de mais de 171 assinaturas para início da tramitação, a PEC começará a ser discutida na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara. No colegiado, haverá a designação de um relator para o texto, que poderá modificar o projeto por meio de um substitutivo, além de acatar sugestões de outros deputados federais.