Por Marcela Carneiro
Nesse segundo texto sobre o tema da bestialização a professora Marcela Carneiro fala ainda de formas de combate à essa questão. Cita o educador Paulo Freire que fala em sua obra a desumanização como forma de opressão.
Para enfrentar essa questão, é essencial promover a conscientização e a educação sobre os efeitos negativos da desumanização. Precisamos fomentar diálogos que celebrem a diversidade e que busquem soluções inclusivas para os problemas sociais. Organizações não governamentais, grupos de defesa de direitos humanos e líderes comunitários têm um papel importante nesse processo, pois podem criar plataformas para que vozes marginalizadas sejam ouvidas e respeitadas.
Além disso, é necessário um esforço coletivo para questionar e confrontar discursos que perpetuem a desumanização. As redes sociais, que muitas vezes propagam essas mensagens, também podem ser usadas como ferramentas para conscientização e mudança. A empatia, mais do que nunca, deve ser a base de nossas interações cotidianas.
A bestialização é um reflexo de uma sociedade que falha em reconhecer a humanidade plena de todos os seus membros. Combater esse processo exige não apenas uma mudança na forma como falamos e pensamos sobre o “outro”, mas também uma ação concreta para garantir que todos tenham seus direitos respeitados e suas vozes ouvidas. Se queremos construir um futuro mais justo e igualitário, é essencial desafiar as práticas de desumanização e promover uma cultura de respeito e compreensão.
Na obra Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire discute o conceito de “bestialização” ao abordar a desumanização imposta aos oprimidos. Ele argumenta que o sistema opressor busca desumanizar os indivíduos, tratando-os como objetos e negando sua plena condição de seres humanos. Essa desumanização pode levar à “bestialização”, que é a redução dos seres humanos à condição de coisas ou seres incapazes de pensar e agir por si mesmos.
Freire critica essa lógica e afirma que é necessário recuperar a humanidade tanto dos oprimidos quanto dos opressores. Para ele, a educação libertadora é o caminho para que os oprimidos superem essa condição, tomando consciência de sua própria opressão e lutando pela sua libertação. Essa pedagogia envolve um processo de conscientização, no qual os oprimidos passam a entender sua situação, refletir criticamente sobre ela e, assim, agir para transformá-la.
A “bestialização”, portanto, é um estado que a pedagogia libertadora busca superar, promovendo a humanização através do diálogo, da consciência crítica e da ação transformadora.