A Coluna Panorama Político é publicada todas as edições do jornal Leia Sempre Brasil falando um pouco dos bastidores da política na Região do Cariri, no Ceará e no Brasil. E refletido temas variados. Assinada por Tarso Araújo
TASSO ENTRA NA CAMPANHA
O ex-senador e ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB) líder máximo dos tucanos no Ceará entra em campo na disputa eleitoral de Fortaleza. Jereissati e seu PSDB estão na campanha de José Sarto (PDT) candidato de Ciro Gomes. Em seu discurso Tasso disse apoiar Sarto “por amor à Fortaleza”. O líder tucano surpreendeu com sua aparição em nossa capital quando muitos achavam que ele tinha pendurado as chuteiras do fazer político.
UMA VITÓRIA ESTRONDOSA
Posso contar essa história, pois estava lá. No final dos anos 1980 o então governador Tasso Jereissati lançou a dupla Ciro Gomes e Juraci Magalhães para disputar a prefeitura de Fortaleza contra os nomes da esquerda, da Maria Luíza Fontenelle, então prefeita e dos coronéis. Ciro Gomes foi eleito prefeito numa disputa acirrada contra Edson Silva (PDT) por parcos 5.317 votos. Foi uma grande vitória para o grupo político de Tasso Jereissati que ficou no comando do Ceará e da capital, maior colégio eleitoral do Estado.
UMA SINA DE TASSO
Com a saída de Ciro Gomes para a disputa do Governo do Estado em 1990 pelo PSDB com apoio de Tasso, Fortaleza cai no colo do Dr. Juraci Magalhães uma figura histórica do então MDB. Resultado: Tasso nunca mais voltaria a vencer uma eleição na capital cearense. Juraci se tornou um problema e um calo para Tasso e todo ano de eleição lá estava o Dr. Juraci tirando votos de Tasso em Fortaleza.
UMA ELEIÇÃO DISPUTADA
A eleição de 1988 foi extremamente disputada. Foram 9 candidatos a prefeito. O PT lançou o médico Mário Mamede que em 1990 seria eleito deputado estadual pela legenda. Maria Luíza então prefeita em 1988 lançou o advogado Dalton Rosado e Tasso lançou a chapa do MDB com Ciro Gomes na cabeça. Dizem até hoje que quem garantiu a vitória de Ciro Gomes foi um bairro de Fortaleza chamado Conjunto Ceará, populoso bairro da nossa capital.
VENCENDO O GOVERNO
Já em 1990 o projeto das mudanças de Tasso Jereissati se consolida com vitória de Ciro Gomes ao Governo do Estado. Ciro tinha começado sua vida política em 1982 pelo PDS, mas aos poucos foi se aproximando do MDB e de Tasso Jereissati. Já nesta eleição, a vitória de Ciro Gomes foi bem mais expressiva ficando com 54% dos votos e derrotando Paulo Lustosa. O candidato petista na época o então deputado estadual João Alfredo teve 7,8% dos votos.
TASSO NOVA LIDERANÇA
O então governador Tasso Jereissati, portanto, deu um show na eleição de 1990 contra seus adversários. Além de eleger Ciro Gomes com folga no Ceará elegeu para o senado uma figura muito próxima dele, Beni Veras. Em 1992 teríamos o fim do Governo Collor, quando Beni e Ciro seriam convidados para ajudar Itamar Franco, dando sequência a partir de 1995 a dois governos federais sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, o FHC, do PSDB, com total apoio de Tasso Jereissati.
TASSO NO COMANDO
É bom lembrar que naquele início de anos 1990 o Tasso Jereissati assume o comando nacional do PSDB e passa a ser uma figura da política nacional. Tasso assume em 1991 o comando nacional do PSDB legenda que em 1994 venceria as eleições presidências com FHC derrotando Lula no primeiro turno das eleições. A partir de 1994 todas as disputas eleitorais presidenciais no Brasil passam a ser PT X PSDB até o ano de 2014.
NOVOS TEMPOS
O Ceará mudou deste momento descrito nos anos 1980 e 1990. Na capital cearense tivemos muitas disputas e vitórias do PT com Luizianne Lins, do MDB com Juraci e Cambraia, e em seguida na era do governador Cid Gomes e a eleição de Roberto Cláudio e fechando o ciclo cidista e cirista, o atual prefeito José Sarto que vem sendo mal avaliado pela população e, mais ainda, está caindo nas pesquisas de intenção de votos pela prefeitura de Fortaleza.
FIGURAS LAMENTÁVEIS
A eleição de Fortaleza neste ano de 2024 traz um lastimável ingrediente que é a força eleitoral de uma extrema-direita personificada em candidaturas sem compromisso com a população pobre da nossa capital. Candidaturas comprometidas com o discurso reacionário do bolsonarismo, como André Fernandes e Luís Eduardo Girão, senador que não deve ser reeleito em 2026.
FATOR CAMILO
Outro ingrediente é a força de reação do Ministro da Educação Camilo Santana, que muitos já diziam estar derrotado e seu candidato o deputado estadual Evandro Leitão mostra grande poder de reação nessa reta final da campanha. Camilo aproveita o final da campanha, tira férias de ministério e deve mergulhar de cabeça na campanha do neopetista Evandro Leitão, embolado com outros nomes na disputa por uma das duas vagas no segundo turno em Fortaleza. Ele conta com a parceria de Cid Gomes na capital.
DISPUTA SEM DEFINIÇÃO
Observando toadas as pesquisas de opinião feitas até agora sobre o cenário da disputa eleitoral em Fortaleza podemos confirmar algo sem dúvidas: a disputa está aberta com, pelo menos, quatro nomes ainda correndo por um lugar ao sol no segundo turno. Os outros nomes na disputa não têm chance alguma de vitória.