20 de setembro de 2024

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Desde os primórdios dos tempos da civilização, acontece a domesticação dos animais e a manipulação das plantas, logo, o homem possibilitou diversos avanços em qualidade de vida e bem-estar, do manejo e plantio de hortas aos canteiros medicinais. A humanidade se utilizou dos saberes empíricos, adquiridos através da observação e experimentação, para reconhecer propriedades e usos comuns das plantas através de seus usos terapêuticos e alimentícios.

As plantas medicinais ocupam espaço bem significativo na vida das pessoas e principalmente na saúde das mulheres e durante a idade média as mulheres eram denominadas como bruxas devido ao conhecimento adquirido sobre o uso das plantas medicinais para curar dores e enfermidades nas comunidades que habitavam.

Com o passar do tempo, esses conhecimentos foram ganhando maior clareza através do protagonismo das mulheres que passaram a elaborar diversas formas de preparos que foram se adequando a cada parte e tipo de plantas; percebendo-se que algumas plantas possuem características e propriedades que serviam melhor para tratar (tosse, resfriado) “isso ou aquilo”.

Por outro lado, as pessoas mais carentes, na maioria das vezes essas mulheres eram a única alternativa que tinham mais próximo de um atendimento médico. Na atualidade as mulheres que fazem uso das plantas medicinais para fins fitoterápicos e espirituais, são conhecidas por benzedeiras, que aliás a palavra benzer vem do latim bene dicere, que significa bendizer, temos ainda as matriarcas (mulheres que são líderes em comunidades e assentamentos) essas mulheres mantêm a cultura viva até os dias atuais. As benzedeiras são as mulheres que detém o conhecimento e domínio do uso das ervas medicinais, no preparo de: 1) lambedores, 2) garrafadas, 3) chás e 4) rezas espirituais etc. Esses manuseios e domínios se originam da cultura indígena e africana, desde o período da colonização, pois esses conheciam as ervas e a suas funcionalidades.

Na Escola de Educação do Campo Filha da Luta Patativa do Assaré (EEMPC), localizada no Assentamento da Reforma Agrária de Santana da Cal em Canindé-Ce,  tem desenvolvido uma de suas unidades produtivas de – plantas medicinais, com orientação inicial para o preparo da terra o agrônomo Luiz Fernando Venâncio,  coordenado pela orientadora Josulene Mota, educadora da área da Biologia e Química, mediado também pelas educadoras: Eliziane Cristina Ferreira, educadora de física e Maria Viviane Farias, educadora de biologia, junto com as turmas dos primeiros anos dando início da implementação em maio de 2022, nas aulas de eletiva sobre “plantas medicinais”. A implantação do horto medicinal para o uso na própria escola que é fruto de um trabalho integrado através das aulas de eletivas, Organização Técnica do Trabalho Produtivo – (OTTP). A otimização do processo de organicidade no desenvolvimento de ações onde as turmas fazem o rodízio nas aulas realizando a manutenção do horto e produzindo mudas para distribuição nas comunidades ao redor da Escola de Educação do Campo Filha da Luta Patativa do Assaré (EEMPC).

Contudo, o referido projeto “Plantas Medicinais: Protagonismo das Mulheres”, além de trabalhar uso das plantas para chás, extração de sabores das folhas e cascas de árvores nativas da caatinga, como remédios naturais (fitoterápicos) a ação constitui em: a) Identificar e mapear as mulheres que têm habilidades de fazer chás, lambedores, garrafadas e rezas espirituais com plantas; b) Resgatar a cultura e o conhecimento popular da comunidade escolar e território que compõe a escola; c) catalogar as plantas medicinais presentes na unidade produtiva da escola; d) Pesquisar os princípios ativos e seus usos medicinais das plantas catalogadas. e) Elaborar e disponibilizar virtualmente um herbário digital e com receitas para chás das plantas medicinais e produtos produzidos no campo experimental da escola.

 

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