O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército no governo de Jair Bolsonaro (PL), é visto como uma figura central no âmbito das investigações que apuram o suposto planejamento de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Freire Gomes foi ouvido pela Polícia Federal (PF) na semana passada e implicou Bolsonaro diretamente na elaboração da trama golpista.
“A investigação da PF aponta que Freire Gomes não quis embarcar em uma aventura golpista, mas não deixa claro, ainda, como ele atuou após ter conhecimento das intenções golpistas de integrantes da antiga gestão”, destaca o jornal O Globo.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em sua delação premiada à PF, alegou que Freire Gomes, juntamente com os então comandantes da Aeronáutica, brigadeiro, Carlos Baptista Júnior, e da Marinha, Almir Garnier, participou de uma reunião no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022. Nessa reunião, Bolsonaro teria apresentado uma minuta golpista propondo a instauração de um estado de sítio no país e a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Cid afirmou que Freire Gomes se opôs aos planos e que foi o próprio general quem posteriormente compartilhou os detalhes do encontro. A PF também identificou registros de entrada no Alvorada, indicando que o general entrou no mesmo horário que o ex-assessor internacional da presidência Filipe Martins e o almirante Almir Garnier.
Além disso, a investigação revela uma série de áudios enviados por Cid a Freire Gomes, nos quais o tenente-coronel relata o estado de espírito de Bolsonaro e discute abertamente a minuta golpista. Em um áudio datado de 12 de dezembro, Cid atualiza o general sobre o presidente, mencionando que Bolsonaro sofreu pressões para tomar medidas mais drásticas utilizando as Forças Armadas, referindo-se ao decreto golpista que teria sido “enxugado”. Um outro áudio enviado por um coronel no qual ele insinua que Freire Gomes estaria com receio de embarcar na aventura golpista.
“Para a PF, este áudio mostra que Freire Gomes não queria tomar a frente do assunto por medo das consequências, temendo ser responsabilizado. Ainda assim, os investigadores apontaram para a necessidade de se apurar melhor a conduta do general para observar se houve omissão, diante do fato de ele ter tomado ciência dos atos e mesmo assim ter ficado ‘inerte’”, destaca a reportagem.
Freire Gomes assumiu o comando do Exército em março de 2022, indicado por Bolsonaro, sucedendo o general Paulo Sérgio Nogueira. A investigação revela que houve pressão do grupo para cooptar Freire Gomes, com mensagens do general Walter Braga Netto referindo-se a ele como “cagão” e pedindo que sua cabeça fosse “oferecida aos leões”.
Brasil 247