A desigualdade no Brasil é histórica. E não é por acaso, faz parte do regime político brasileiro a existência de um fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Essa desigualdade vem se acentuando e a renda dos super-ricos cresceu nos últimos cinco anos. E não há políticas públicas compensatórias que resolva essa questão. É isso que nos diz uma nota técnica da Fundação Getúlio Vargas mostrando o crescimento da renda dos mais ricos no Brasil. E lógico, aumenta o fosso da injustiça social e da desigualdade brasileira.
Essa recente nota técnica divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que as 15 mil pessoas mais ricas do Brasil, representando 0,01% da população, praticamente dobraram o valor de seus rendimentos mensais entre 2017 e 2022. Os dados, baseados em informações da Receita Federal, apontam um aumento na renda desses super-ricos em um ritmo três vezes maior do que a média de 95% da população brasileira.
Esse estudo mostra o quadro de extrema concentração de renda no Brasil. E, mais ainda, de que milhões de brasileiros ainda estão longe de ter uma renda satisfatória. Lembrando que segundo o DIEESE o salário mínimo brasileiro que agora sob o governo Lula (PT) já se valorizou, mas deveria ser, para atender uma família com 4 pessoas algo em torno de 5 mil reais. Bem longe da realidade atual e de sempre no Brasil.
A nota técnica elaborada pelo economista Sérgio Wulff Gobetti, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) revela que os super-ricos declararam uma renda média mensal de R$ 1,1 milhão em 2017, chegando a R$ 2,1 milhões em 2022, representando um aumento de 96%.
Enquanto isso, 142 milhões de brasileiros, que compõem os 95% mais pobres do país, viram suas rendas médias aumentarem de R$ 1,7 mil em 2007 para R$ 2,3 mil em 2022, um crescimento de 33%. Esse avanço é aproximadamente um terço do aumento observado entre os mais ricos.
No total, a nota técnica analisou a renda de 149 milhões de pessoas. A média geral de rendimentos foi de R$ 2,6 mil em 2007 para R$ 3,6 mil em 2022, representando um crescimento de 44%.
O aumento significativo na renda dos super-ricos contribuiu para um aumento na concentração de renda no Brasil. A proporção do bolo apropriada pelos 1% mais ricos da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7% entre 2017 e 2022. Mais de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foram absorvidos pelo milésimo mais rico.
A análise da nota técnica revela que o rendimento dos mais ricos cresceu principalmente em categorias isentas ou de baixa tributação. Os ganhos com dividendos dos 0,01% mais abastados, cuja tributação é zero, aumentaram 119% em cinco anos. Da mesma forma, os ganhos com atividade rural cresceram 248%, com uma significativa isenção tributária.
Sérgio Wulff Gobetti destaca a importância de rever as isenções tributárias que beneficiam especialmente os mais ricos. A análise reforça a necessidade de políticas que abordem essa crescente desigualdade e garantam uma distribuição mais equitativa dos recursos no país.
Diante desse cenário, a discussão sobre políticas públicas que abordem a desigualdade de renda e revisem as isenções tributárias se torna crucial. O debate sobre a necessidade de medidas que garantam uma distribuição mais justa da riqueza no Brasil ganha ainda mais destaque, sendo essencial para construir uma sociedade mais equitativa e justa.