20 de setembro de 2024

Um desafio econômico de magnitude histórica se coloca diante do Brasil. Para retornar aos patamares de produtividade da década de 1970, o país precisa investir anualmente um montante substancial de R$ 456 bilhões na indústria de transformação. Esse esforço deve ser mantido por um período que varia entre sete a dez anos. A análise dos investimentos necessários foi realizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e os resultados foram antecipados à jornalista Adriana Fernandes, do Estado de S. Paulo.

Nos anos 1970, o Brasil alcançou uma produtividade que equivalia a 55% da dos Estados Unidos, que servia como referência para a economia nacional na época. Foi um momento em que o país se aproximou mais da produtividade norte-americana do que nunca. Entretanto, a realidade atual é completamente diferente, com a produtividade situando-se em torno de apenas 20%. Além disso, os investimentos na indústria de transformação representam meros 2,6% do PIB, muito abaixo dos 4,6% necessários para recuperar o terreno perdido.

A indústria de transformação desempenha um papel crucial no desenvolvimento do país, fortalecendo todo o setor produtivo brasileiro, especialmente por meio de seus investimentos em tecnologia e inovação. Contudo, apesar de sua importância estratégica, os investimentos nesse segmento industrial despencaram para níveis históricos baixos. Em 2021, eles representaram apenas 12,9% do total de investimentos realizados no Brasil, um número significativamente menor em comparação com o ápice de 21% atingido em 2007.

Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp e coordenador do estudo, destaca a gravidade do cenário atual. Para simplesmente cobrir a depreciação dos ativos dos investimentos feitos no passado, que ocorre com o passar dos anos, seria necessário investir pelo menos 2,7% do PIB. Isso significa que o nível de investimento atual não é suficiente nem para recuperar o que já está depreciado. “Estamos em uma situação difícil tanto na infraestrutura quanto na indústria”, alerta Rocha. “A queda é brutal”, acrescenta.

Publicado no Brasil 247
Reprodução/Montagem RBA