22 de novembro de 2024

Depois de meses de debates, nesse domingo (02), militantes de organizações políticas com atuação na cidade fundam a Frente Socialista Juazeirense.

Segundo o professor e sindicalista Ítalo Freitas, um dos dirigentes da frente, “a construção dessa unidade entre trabalhadores ativistas dos movimentos sociais da cidade vai permitir a ampliação do alcance de um projeto político radicalmente comprometido com os interesses da maioria do povo de Juazeiro”.

A síntese desse projeto está contida no manifesto da frente (link pro manifesto) que atribui ao governo Glêdson/Giovanni a responsabilidade pelo aprofundamento das desigualdades sociais no município e tece críticas aos gestores que o antecederam com, segundo o manifesto, “o mesmo projeto de enriquecimento de poucos as custas do sofrimento de muitos”.

A frente já tem uma atividade pública marcada pra sexta-feira (07), na praça Padre Cícero, às 16h, pra reivindicar a reabertura do restaurante popular.

MANIFESTO DA FRENTE SOCIALISTA DE JUAZEIRO DO NORTE
Juazeiro do Norte — Ceará, 02 de Julho de 2023

A profunda crise da economia capitalista mundial irrompida em 2008 ainda intensifica o ataque aos direitos dos trabalhadores na agenda política dos sucessivos governos, incluindo os da “esquerda da ordem”. A escalada do desemprego, da fome e a deterioração dos direitos sociais é consequência dessa crise e contrasta com a garantia estatal aos lucros dos banqueiros e grandes empresários. A agressiva redução das iniciativas governamentais de proteção e promoção das condições de vida da maioria do povo vem fortalecendo uma crise de representação política. Cada vez mais rapidamente, os políticos que aceitam o desafio de gerenciar a crise do capitalismo, na perspectiva de preservá-lo, perdem a confiança das camadas menos favorecidas da sociedade. Os próprios grandes empresários são forçados a comprar lideranças populares para ajudarem no seu jogo sujo e a descartá-las quando essas não conseguem mais enganar o povo.

No contexto da crise, o fascismo (extrema-direita) também continua sendo uma ameaça, uma carta na manga das elites. Os bolsonaristas tem
maioria no Congresso Nacional e estão dispostos a ameaçar qualquer avanço real para a classe trabalhadora. Da mesma forma, setores do exército e o latifúndio, que financiaram ativamente a tentativa de golpe no dia 08/01/2023, continuam impunes. A extrema-direita pode voltar ao poder e isso é um risco real. As alianças e aberturas dadas pelo governo Lula para a direita contribui com a continuidade do bolsonarismo e do cenário de militarização da sociedade. A ampliação da representação das polícias na casa legislativa do
município é reflexo desse processo.

Inserida nesse contexto, a maioria do povo de Juazeiro do Norte, Ceará, dá sinais de que já não suporta mais o governo de miséria e humilhação de Glêdson/Giovanni. Aplicando o receituário da austeridade contra a população, a gestão municipal contribui para o aumento do abismo social entre ricos e pobres na cidade. São alguns exemplos do desastre dessa administração: a demissão de dezenas de servidoras temporárias gestantes; a continuidade da terceirização nos serviços de limpeza pública e na gestão da UPA/Limoeiro e
Hospital Mª Amélia (Hospital Infantil), que há anos produz denúncias de favorecimento pessoal, fraudes, corrupção e desrespeito aos direitos trabalhistas; os frequentes conflitos trabalhistas com os funcionários da Prefeitura; a defesa de uma proposta de reforma na previdência dos servidores municipais para sobretaxar a remuneração já defasada dos trabalhadores, ampliar o tempo de trabalho para conseguirem a aposentadoria e reduzir os valores dos benefícios; o desemprego de servidores aprovados em concurso que não assumiram seus cargos; a humilhação da população nas filas da central de marcação de consultas; as portas fechadas do restaurante popular; a
falta de medicamentos e insumos básicos nas unidades de saúde; a falta de cuidadores pras crianças com necessidades especiais nas escolas.

O descaso com a maioria do povo juazeirense contrasta com a evolução econômica que alçou nossa cidade ao 4.° maior PIB do Ceará em 2022.
Infelizmente, esse crescimento, alavancado pelo suor de quem trabalha, é usufruído por uma minoria favorecida por contratos com a Prefeitura, como os R$ 13,4 milhões para rotatórias e pavimentação, além dos agraciados com nomeações para cargos de confiança do gestor. Só o salário do próprio prefeito é 20% maior que o do Governador do estado.

Na insatisfação com a atual gestão municipal, o povo também demonstra ter memória e não confia na oposição das antigas lideranças
políticas que já governaram a cidade com os mesmos projetos de enriquecimento de poucos, as custas do sofrimento de muitos. Figuras que há anos se revezam no poder sem que as condições de vida da maioria da população melhorem. Mercadores da política que, ao sabor de seus interesses pessoais e mesquinhos, saem da oposição pra situação e vice-versa. A Frente Socialista Juazeirense nasce em sintonia com o repúdio popular em relação ao governo Glêdson/Giovane e aos gestores que o antecederam. Não confiamos na oposição das velhas raposas dos recursos públicos que buscam se perpetuar “novas caras”, corrompendo representações populares.

Avaliamos como um desserviço à organização e luta dos trabalhadores o apoio que “pseudo-comunistas” deram à candidatura de Glêdson nas últimas eleições. Da mesma forma, entendemos que a parceria entre Fernando Santana (PT) e Glêdson, somada a aliança entre chefes do PT e o atual viceprefeito, Giovanni, em nada contribui para o avanço da consciência política da nossa classe e para o fortalecimento da credibilidade da esquerda na população. Vale lembrar que o principal financiador da campanha de Glêdson em 2020, o empresário Gilmar Bender, disputou a prefeitura de Juazeiro em 016 com apoio do PT. O vale tudo eleitoral afasta nossas organizações das reivindicações da maioria do povo e desmoralizam nossas lideranças. O desgaste político produzido com a gestão Santana (PT), em aliança com
Raimundão (MDB), é prova disso. A partir dessas experiências a nossa Frente trilhará o caminho da independência de classe. Sem alianças com patrões e governos!

Só a classe trabalhadora, única força política realmente progressista da sociedade, arrastando a maioria do povo, é capaz de pôr fim a esse ciclo “continuísta” e construir nas lutas uma alternativa para nossa cidade. A tarefa fundamental da Frente é enfrentar, com independência política, qualquer governo que tente jogar o fardo da crise capitalista nas costas dos trabalhadores, organizar e mobilizar a revolta da nossa classe, apresentando um programa socialista, que aumente a participação da população nas
decisões, como única alternativa real.

Nosso Programa:
– Reforma tributária que amplie progressivamente os impostos municipais sobre
as grandes propriedades imobiliárias, o ISS das empresas com maiores
faturamentos e reduza a tributação municipal do pequeno empreendedor que
gera emprego;
– Fortalecimento dos serviços públicos com mais investimentos e valorização
dos servidores municipais;
– Construção do Hospital Geral Municipal 100% público e de qualidade;
– Aumento dos investimentos em cultura, saindo dos parcos 0,55% atuais para
um mínimo de 2% do orçamento municipal.
– Gestão democrática das escolas, com eleição para diretores.
– Orçamento democrático, para que a população possa decidir quais os
principais investimentos a serem feitos nos bairros.
– Ampliação imediata da contribuição da municipalidade à previdência dos
servidores e auditoria sobre os débitos parcelados;
– Reabertura do restaurante popular e ampliação do atendimento das cozinhas
comunitárias;
– Equiparação do salário do Prefeito, Vice, Secretários e Vereadores ao piso
salarial de um Professor municipal;
– Redução do quadro de pessoal com cargo comissionado, função de confiança
e assessoria da Prefeitura e Câmara municipal, substituindo por servidores
concursados;
– Cobrança dos grandes devedores de tributos municipais;
– Plano municipal de construção de moradias populares para geração de
empregos públicos com salário digno e direitos trabalhistas;
– Redução da jornada de trabalho para pais de filhos autistas e benefícios para
crianças e adultos do espectro autista.
– Terra para a agricultura familiar e incentivo à agricultura urbana e periurbana;
– Defesa do Estado Laico e combate à intolerância religiosa;
– Proteção da mulher, negros, indígenas e lgbtqia+, com construção de centros
de referência municipais;
– Passe livre no transporte público.
– Recuperação do Rio Salgadinho.
– Preservação e instalação de novas áreas verdes, assim como proteção dos
lençóis freáticos.
A Frente, integrada por movimentos sociais, partidos e tendências de
partidos com atuação em Juazeiro do Norte, não obriga as organizações que
nela venham se somar a renunciar de sua autonomia. Respeitadas as
divergências políticas internas, comporá a frente as referidas organizações
solidárias a este manifesto.

ORGANIZAÇÕES FUNDADORAS DA FRENTE SOCIALISTA DE JUAZEIRO
DO NORTE:
Revolução Socialista (Corrente Interna do PSOL);
Unidade Popular Pelo Socialismo;
Fortalecer o Psol (Corrente Interna do PSOL);
Movimento Correnteza