FALA LEONEL
POR MARCOS LEONEL
Jornal Leia Sempre Brasil
Edição n° 159 – 07.04.2023
Quem é o dono da pedagogia do aniquilamento?
Em entrevista recente, na manhã da última quinta-feira, véspera da “paixão de Cristo”, Lula disse em entrevista a jornalistas, sem nenhuma compaixão com o futuro educacional brasileiro, e em inexplicável descompasso de “campanha”, tanto quanto vergonhoso, que o seu governo não vai revogar a reforma do ensino médio.
Esse é mais um ponto decepcionante em uma administração que se autoptropaga como sendo redentora, aquela que veio livrar o povo pobre das garras da exploração, da fome e da miséria. Nesse caso específico não tem funcionalidade nenhuma o discurso oficial da comunicação de governo sobre o que já se tem feito em menos de cem dias de trabalho.
Pode até ser preocupante a parcimônia governamental em resolver problemas cruciais da economia, tendo pela frente dois entraves colossais que desafiam a força política da esquerda claudicante: a gerência particular do Banco Central e da Petrobras, duas instituições fincadas no inadmissível da vida pública brasileira.
Se os juros mais baixos e uma política de preços dos combustíveis com essência de compromisso social com a dignidade mínima, parecem inalcançáveis para um governo embrulhado em negociatas de governança, um futuro de transformação social plena através da universidade se torna então um paraíso para a classe pobre, mais pobre do que operária, só que em um planeta distante, nos confins da galáxia.
Ouvir Lula dizer que não vai revogar a reforma do ensino médio, e que a suspenção foi apenas para dar tempo de “ouvir” a sociedade, no sentido de “aprimorar” a proposta empurrada goela abaixo do povo brasileiro pelo golpista Temer, embrulha o estômago tanto quanto as embrulhadas escusas de nomeações de bolsonaristas em várias pastas desse governo que já ensaia uma caminhada de ledo engano.
É difícil entender os motivos que fizeram o ministro Camilo Santana chamar de volta Fernando Whirtmann Ferreira, indicado por Bolsonaro para coordenador geral do Ensino Médio, junto à Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica, apadrinhado pelo pastor preso por acusações de roubalheira, Milton Ribeiro, ex-ministro de Bolsonaro e amigo íntimo da organização Bolsonaro.
É mais difícil ainda entender os motivos de Lula, pessoalmente Lula, contrariar uma multidão de especialistas, educadores, professores, alunos e cientistas, que afirmam categoricamente que a reforma do ensino médio é predadora, criminosa e sem escrúpulos. Até parece que Lula fez parte do contingente de 70% das pesquisas fraudulentas do governo Temer, que responderam ser favoráveis à reforma, sem no entanto, saber o que era essa reforma.