20 de setembro de 2024

O movimento de mulheres e diversas entidades da Região do Cariri lançaram um manifesto marcando esse 8 de março. Intitulado Manifesto 8M Cariri 2023 – Vivas nos queremos: Em defesa do bem-viver, viver, dos direitos e da democracia. Leia abaixo a íntegra do manifesto.

Neste 8 de março de 2023, nós mulheres de todas as raças, crenças, etnias, orientações sexuais, conclamamos toda a sociedade para mais um ano de luta internacional pelos nossos direitos. Em cenário internacional vivemos tempos de avanço do ultraliberalismo e do fascismo que promovem a barbárie da fome e da guerra, provocando retrocesso nos direitos das mulheres como o que ocorre no Afeganistão. No Brasil, enfrentamos as consequências de um governo fascista, genocida, misógino, racista e lgbfóbico que condenou à morte pelo menos metade das 700 mil pessoas que morreram em decorrência da covid-19, por não providenciar as vacinas, além de extinguir e cortar verbas da saúde, da educação, da pesquisa científica, dos programas sociais e de combate à violência contra a mulher e cujo apoio ao garimpo ilegal que provoca a destruição da Amazônia, condenou também à extrema pobreza e morte dezenas de brasileiros (as) originários como os da nação Yanomami. Governo esse também ligado às milícias supostamente responsáveis pelo assassinato brutal da vereadora Marielle e Anderson. Os apoiadores dessa infâmia política e social continuam promovendo a barbárie e atentando contra a democracia, como demonstraram os absurdos e vergonhosos atos de 8 de janeiro em Brasília. Defendemos, hoje, nas ruas, a vontade da maioria do povo brasileiro que expressou, nas urnas, o seu repúdio a este projeto. O desmonte da saúde e da educação públicas é parte dessa ofensiva ultraneoliberal que privatiza as empresas em nome do capital financeiro internacional, como é o caso da ENEL no Ceará que não cumpre minimamente a função de fornecer energia elétrica digna à população, praticando cobranças ilegais e todo tipo de abuso. Rechaçamos também o chamado Novo Ensino Médio, que rebaixa absurdamente a qualidade da educação básica. A estrutura extremamente desigual da ocupação urbana no Brasil promove diariamente tragédias anunciadas como os desabamentos das casas por ocasião das chuvas, causando inúmeras vítimas, a maioria mulheres e crianças negras, que habitam essas áreas. O Ceará ocupa o terceiro lugar no Nordeste em casos de violência contra a mulher e nas cidades da Região do Cariri, os equipamentos públicos como postos de saúde, CAPES, transporte seguem funcionando precariamente, o que aumenta a insegurança das mulheres. O Brasil está em vergonhoso primeiro lugar no mundo em assassinatos de mulheres trans e travestis. A mídia promove fartamente a violência simbólica, a exclusão social e de gênero, com exibição da imagem da mulher que estimula a cultura do estupro e contribui para o abuso e turismo sexual enquanto as mulheres jornalistas e comunicadoras são agredidas na sua integridade profissional e até mesmo física. As mulheres, embora sejam maioria nos espaços religiosos, sofrem todo tipo de assédio e discriminação. Citemos aqui o silenciamento da memória extremado com a violação do túmulo da Beata Maria de Araújo, crime hediondo, através do que se pode chamar de “pedagogia do desprezo” como afirmou a pesquisadora Priscila Ribeiro.
Justiça à Marielle! Basta de machismo, racismo, LGBTfobia e todas as formas de violência! Pelo fim do capacitismo (agressões verbais, físicas ou psicológicas contra pessoas com deficiência! Políticas públicas de apoio à produção de alimentos saudáveis, fomento e crédito emergencial para a Agricultura Familiar; Em defesa do SUS! Pela quebra imediata da patente! Regulamentação dos territórios indígenas e quilombolas; Vacinação para toda a população pelo SUS! Pela efetivação da política de saúde mental e execução dos serviços da rede em sua integralidade. Pelo acesso às residências terapêuticas e fim das comunidades terapêuticas. Pela revogação da EC 95! Pela garantia da qualidade dos serviços públicos! Revogação da reforma trabalhista e da previdência; Revogação da reforma do ensino médio; Programa nacional de habitação voltado, prioritariamente a moradoras de áreas de risco; Política pública de combate à morte materna e de planejamento reprodutivo; Pelo fim da violência obstetritica; Ampliação de serviços de aborto previsto em lei; Construção de casas abrigo para mulheres, com filhos, vítimas de violência; Políticas públicas de resgate da memória da Beata Maria de Araújo; Campanha educacional de combate à transfobia e à violência de gênero e evasão escolar; Pela regulamentação do piso salarial das enfermeiras. Cassação das golpistas Carla Zambeli e Damares Alves. Punição aos responsáveis pelo genocídio Yanomani. Prisão para Bolsonaro e todos os golpistas! Sem anistia!

ASSINAM ESTE MANIFESTO:
AFRONTE Cariri. Associação Cristã de Base – ACB, Associação de Mulheres Empreendedoras (AME Ceará), BiodiverSe, Conselho Municipal da Mulher Cratense, Consulta Popular, CRM Crato, Democracia Socialista-PT, FETRAECE, Frente de Mulheres do Cariri, GRUNEC, Instituto Mulheres de Voz , Levante Popular da Juventude, Madá Arteira, Marcha Mundial de Mulheres, Movimento de Mulheres Olga Benario, PCB Cariri, Projeto Interfaces Femininas, PSOL Crato, PT Crato, Quebrada Cultural, RECID-Cariri, REDE Crato, Resistência Feminista PSOL, SESC Crato, SINASEFE seção Crato, Sindicato ADUFC, Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Crato, SINDSMCRATO, SINDURCA, Terreiro das Pretas, União Brasileira de Mulheres, União de Negros pela Igualdade, Rede de Mulheres Negras do Cariri, Rede de Mulheres Negras do Ceará, Coletivo TST Cariri, Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA/CE), Rede Mulher e Mídia (Articulação Nacional), PCdoB-Crato, Coletivos de Mulheres do Mutirão-Crato, Associação Cearense de Diversidade e Inclusão ACEDI, Associação Nordestina de LGBT ANLGBT, Associação Brasileira de LGBT ABGLT, Psol Juazeiro do Norte, Frente Juazeiro Sem Fome, Templo de umbanda santa Bárbara amor e fé, Crato, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Ceará, Sindjorce.