O Conselho Nacional de Justiça, CNJ, decidiu hoje afastar do cargo o juiz Marcelo Bretas, conhecido em priscas era como o “Moro carioca”, responsável pela Lava Jato naquele estado.
Bretas é acusado de irregularidades na condução dos processos. O colegiado decidiu por unanimidade, em sessão sigilosa, instaurar um processo administrativo disciplinar, PAD, contra o sujeito. Por 11 votos a 4, os conselheiros determinaram que ele se retire até o fim das apurações.
O corregedor Luiz Felipe Salomão, relator dos processos, votou pelo afastamento do magistrado até a conclusão do PAD e foi acompanhado por outros dez conselheiros.
Bretas se tornou responsável pelo braço fluminense da Lava Jato na primeira instância em 2015, atuando em casos da Eletrobras. Assumiu as ações contra o ex-governador Sérgio Cabral, a quem condenou a mais de 400 anos de prisão em mais de 30 ações penais.
Ficou famoso a ponto de a Globo inventar que ele foi a Roma ser recebido pelo Papa, quando na verdade estava no cercadinho junto a todos os mortais.
Em 2017, a mídia o transformou em salvador da pátria, como fizera com os cruzados de Curitiba. Artistas como Caetano Veloso e os atores Marcelo Serrado, Lucinha Lins e Cristiane Torloni fizeram um ato em sua defesa. Caetano declarou que compareceu para apoiar Bretas, com quem disse se identificar, sabe Deus o que isso significava.
A cereja do bolo era uma faixa com uma vírgula fora de lugar: “O Rio, está com você”.
Daí em diante foi a debacle. Vaidoso, ambicioso e sem noção, aparecia ao lado de políticos como o então governador do Rio Wilson Witzel em jatinho, festas e no Maracanã.
Foi punido pelo TRF-2 (Tribunal Regional Federal) por participar de uma inauguração de obra pública com Bolsonaro e o então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).
Delações premiadas firmadas com a PGR apontaram malfeitos de Bretas, que é igualmente suspeito de favorecer Witzel contra Eduardo Paes nas eleições para o governo em 2018.
No auge, Marcelo Bretas adorava se fotografar com regata, malhando, na academia, aonde ia com um aparato de segurança gigantesco, tudo pago pelo contribuinte, evidentemente.
“Os pesos do treino me dão descanso à mente”, disse ele em 2019 numa “reportagem” inacreditavelmente chapa branca do Globo (agora Natuza Nery lavou esse passado feioso).
“A Lava Jato é um fardo que recebi e, como tudo o que está sob minha responsabilidade, eu não o abandono”. Agora ele tem um fardo a menos para se preocupar.
Publicado no site Diário do Centro do Mundo