Alexandre Aragão de Albuquerque
Arte-educador e escritor
No dia 10 de fevereiro o Partido dos Trabalhadores (PT) completará 43 anos de existência, movido pelo desejo de lideranças sindicais, intelectuais, ativistas de comunidades eclesiais de base, artistas e militantes políticos que decidiram pela criação e construção de uma organização partidária que agisse em defesa dos interesses do povo brasileiro e das lutas da classe trabalhadora.
Não se concebe democracia sem partidos políticos. A organização política é nas mãos das classes oprimidas uma ferramenta essencial de luta. E para ter sucesso, há que ter solidariedade entre indivíduos com interesses idênticos. Portando, é a fraternidade entre tais indivíduos que exige a organização política. A política não nasce pelo ódio ao inimigo, como apregoa a ideologia fascista, mas justamente pelo amor ao amigo. Demonizar o adversário, recorrendo a meios desonestos, violentos e mentirosos, não apenas desqualifica quem pratica tais atrocidades, mas contamina a cultura política fazendo dela destruição em vez de construção: uma barbárie fratricida do mais forte contra os mais vulneráveis.
Por um lado, a fraternidade na política consente que se dê uma interpretação correta da igualdade, que não deve ser entendida como um achatamento forçado para se obter o nivelamento de uma massa amorfa, mas é o direito, reconhecido e garantido a todos os cidadãos e cidadãs, de cada um fazer sua vida conforme a própria índole, tutelada pelas garantias do Estado e da Sociedade. Por outro lado, a fraternidade alimenta a liberdade de ação dos sujeitos políticos levando-os a desenvolver a capacidade de cada um tornar-se responsável por todos, apresentando no espaço público os diversos por quês que precisam ser solucionados mediante o diálogo político: Por que sou marginalizado? Por que sou explorado? Por que recebo uma educação de má qualidade? Por que estou desempregado? Por que habito em favela? Por que a política econômica faz dos ricos mais ricos e dos pobres mais pobres?
Desta forma, o PT nasceu numa conjuntura em que a democracia aparecia como uma das grandes questões da sociedade brasileira, de forma muito semelhante ao que ocorre agora depois de quatro anos de governo neofascista, tocado pelo terror bolsonarista. Sendo assim, a democracia de ontem como a de hoje tem um valor permanente, não admitindo uma cultura do ódio, nem o desmonte do patrimônio público, tampouco a exploração financista promotora da marginalização de muitos milhões de brasileiros que constroem a riqueza de nosso País com o seu trabalho. A grande lição desses 43 anos de vida do PT pode ser resumida na seguinte conclusão: A democracia é rigorosamente uma conquista da luta permanente que os trabalhadores constroem, sem cessar, com suas próprias mãos. Portanto, companheiros e companheiras, reforcemos a nossa unidade e sigamos firmes na luta!
SOBRE O AUTOR
Alexandre Aragão de Albuquerque é Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .