22 de novembro de 2024

COLUA O VERBO FEMININO
Por Íris Tavares
Jornal Leia Sempre Brasil
edição n° 149 – 03.02.2023

(Em memória do meu mano Odon Tavares Farias afilhado da Mãe da Luz)
O livro “Maria, uma Mãe, muitos títulos”, de autoria do Pe. José Battisti possui uma rica narrativa, relatos e explicações sobre a aparição de Nossa Senhora nas Ilhas das Canárias, Espanha, todavia a devoção popular, nos primórdios do cristianismo, passou a denominar a festividade de Nossa Senhora como “das candeias”, pois comemorava-se o trajeto de Maria até o Templo, uma longa procissão, enquanto os devotos portavam velas acesas durante o trajeto.

A procissão dos luzeiros tem sua origem em antigo costume dos romanos que comemoravam no dia 2 de fevereiro a Purificação de Maria. Consta que o Papa Gelásio I (492 – 496) instituiu um solene cortejo noturno em homenagem à Mãe Santíssima, mobilizou o povo para participar com círios e velas acesas a cantar hinos em louvor a Nossa Senhora. A referida celebração propagou-se por toda a Igreja Romana e, os registros dão conta que Justiniano I, em 542, após a epidemia da peste no Império do Oriente, instituiu o evento na programação religiosa, porém as festas religiosas começaram a ser celebradas com procissão de velas a partir do século X, um pouco mais tarde, mas que fazem memória e celebram a fé em Maria e no seu Filho Jesus.

A procissão de Nossa Senhora das Candeias é um marco nas romarias de Juazeiro do Norte, por assim dizer é o evento que abre a temporada de renovação da fé de milhares de peregrinos que adotaram a terra do Padre Cícero e da beata Maria de Araújo como um idílio, o mais próximo entre o céu e a terra, o caminho da transmutação. É um encontro de grande significado que nos eleva da pequenez humana para dimensão da Mãe da luz.

Juazeiro tornou-se a praça de encontros e experiências inusitadas. É o portal da fé matuta e da resistência dos povos do semiárido. As pessoas sabem e sentem o elo forte e irresistível que as envolvem. Por outro lado, o poder público e, mais precisamente, o poder local tem sido incapaz e ineficiente no trato dessa questão. Quando refletimos sobre a ausência das politicas públicas, quer voltadas para infraestrutura e/ou para atender a demanda de serviços proveniente da necessidade do maior contingente do turismo religioso que se desloca do nordeste brasileiro e de outras regiões até a meca da fé Ciceropolitana.

Vamos refletir sobre os pontos cruciais como: a limpeza urbana funciona? E os serviços de saúde estão disponíveis para os romeiros? E a vigilância sanitária tem fiscalizado os espaços e locais que oferecem acolhida aos peregrinos da Mãe Santíssima? Existe algum programa da prefeitura que assista os comerciantes fixos e ambulantes? E quanto a segurança pública? Quais são as medidas adotadas para a proteção e segurança dos romeiros? Outro ponto crucial está relacionado ao tráfego de veículos e pessoas. Existe algum programa integrado entre as setoriais do governo para garantir a integridade dos transeuntes durante as romarias? Entre outras questões, como está sendo tratado a exploração de trabalho ilegal e as práticas criminosas de abuso sexual e infantil no entorno da romaria? São essas preocupações que nos afligem diuturnamente. Aguardamos respostas que nunca vem. Pedimos a Nossa Senhora da Luz das candeias, rogai por nós!