As armas da traição
Projeto de desmonte do Brasil tem continuidade com a privatização dos correios
Destruir o patrimônio público sempre foi o plano. O único plano de governo de Bolsonaro foi cumprir a pauta entreguista daqueles que o apoiaram em sua campanha. Entregar para a iniciativa privada as instituições públicas que dão lucro foi um acerto para a manutenção de Bolsonaro no poder.
A ideologia ultra liberal do estado mínimo é uma bravata vendida pela imprensa corporativa e pelos partidos golpistas, como PSDB e MDB. O que de fato existe é uma vendeta. É um grande balcão de negociatas do submundo político. Essa é a secularização da estrutura do poder das grandes oligarquias econômicas. Esse é o estamento de um estado transformado em milícia.
As Demonstrações Contábeis de 2020 dos correios aponta em seu relatório que a empresa apresentou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão – maior resultado nos últimos 10 anos. Com um crescimento de 84% em relação ao ano de 2019 no patrimônio líquido dos Correios, totalizando, aproximadamente, R$ 950 milhões. Números esses já ultrapassados em 2021.
Ainda no ano de 2020 existem dois recordes históricos: um de 2,2 milhões de encomendas postadas em um único dia, feito executado em 30 de novembro, e o segundo foram as receitas internacionais – obtidas por meio de serviços prestados a correios de outros países –, que ultrapassaram o marco de R$ 1,2 bilhão. Quais os reais motivos para privatizar, se não aqueles de entregar o patrimônio público para o mercado? Os reais motivos têm uma única tradução: traição do povo brasileiro.
O estelionato político de Bolsonaro não cabe apenas no genocídio, na roubalheira descarada, nos escândalos de corrupção com superfaturamento de vacinas, enquanto o povo morre sem fôlego em UTIs espalhadas por todo Brasil. Agora adentramos a toque de caixa nos crimes de lesa pátria, contrariando mais uma bandeira da patifaria política bolsonarista: o patriotismo. O crime de traição da Pátria fica mais evidente quando a forma dessa privatização deletéria acontecer: leilão com envelopes.
Os correios foram transformados em frango frito de quermesse, enrolado com papel colorido transparente, para que as famílias ricas possam arrematar, em nome de Deus. Mas essa vergonha não é só da bandalheira de plantão. Tem as mãos de quem votou nele. De quem usou uma urna eletrônica para eleger a destruição do país. Inclusive os votos de 80% dos funcionários dos Correios, que agora estão com a cara de quem espera uma encomenda com endereço errado. Faz arminha que passa.
Marcos Leonel é escritor, graduado em Letras pela Universidade Regional do Cariri (URCA), professor de Literatura e músico. É comentarista do programa Bom Dia Notícias no Canal Leia Sempre Brasil e editor do site Fala, Leonel.