
O técnico Carlo Ancelotti concede entrevista no estádio de Itaquera, onde vai dirigir a seleção pela primeira vez diante da torcida brasileira - Nelson Almeida/AFP
Carlo Ancelotti fará nesta terça-feira (10), no dia de seu aniversário de 66 anos, seu primeiro jogo à frente da seleção brasileira em território nacional. O duelo com o Paraguai, na Neo Química Arena, em São Paulo, será um bom teste para a popularidade do treinador.
Ele estreou na equipe nacional na última quinta (9), em uma partida fora de casa, empate por 0 a 0 com o Equador em Guyaquil. O futebol não empolgou, mas não chegou a chamuscar o italiano, exaltado desde seu desembarque no Brasil, no fim do mês passado.
O desempenho no Equador mostrou que não será da noite para o dia que Ancelotti vai conseguir fazer a seleção voltar a jogar o futebol que dela se espera. O tempo para a recuperação em campo, contudo, é curto.
Até a Copa do Mundo de 2026, o italiano fará ao todo dez jogos com a equipe canarinho, entre partidas pelas Eliminatórias e amistosos. Ele não terá muitos dias de treino com todo o elenco à disposição, como se acostumou ao longo de sua carreira trabalhando em clubes.
Carlo também não está habituado a ouvir vaias. Mas isso já ocorreu com treinadores da seleção brasileira mesmo no começo de suas jornadas em partidas da equipe na capital paulista, onde historicamente o público costuma ser mais exigente com o elenco nacional.
Em 2000, por exemplo, a equipe vivia uma fase de pressão nas Eliminatórias quando recebeu a Colômbia no estádio do Morumbi. O confronto marcava a estreia do técnico Emerson Leão diante de 56 mil torcedores.
A maioria ficou impaciente com o desempenho da equipe, que sofreu para conseguir uma vitória por 1 a 0 nos acréscimos do segundo tempo, com um gol de Roque Júnior. Até o alívio na reta final, o treinador conviveu com vaias e ainda viu serem atiradas no campo bandeiras que haviam sido distribuídas para os torcedores.
Em 2012, novamente no Morumbi, foi a vez de Mano Menezes sofrer com a ira dos torcedores durante um amistoso contra a África do Sul. Depois de um primeiro tempo sem gols, boa parte da torcida da casa começou a gritar o nome de Luis Fabiano, que na época jogava pelo São Paulo e não havia sido convocado para a partida.
Na volta para o segundo tempo, além das vaias, o treinador passou a ouvir o grito de “adeus, Mano”. Nem mesmo a vitória no fim, com um gol de Hulk, aliviou as críticas.
Sem citar episódios específicos, Carlo Ancelotti disse que está preparado para todo tipo de pressão.
“A pressão está em todos os lugares do futebol porque futebol é paixão. Quando há um resultado em jogo, há paixão, ainda mais no Brasil com a seleção. Vi muita paixão e amor pela equipe nacional”, afirmou o treinador.
Ancelotti procurou demonstrar confiança para a partida contra o Paraguai, sobretudo pela volta de Raphinha à equipe. O jogador que atua pelo Barcelona cumpriu suspensão automática no último jogo da seleção.
O camisa 11 é o único nome confirmado na escalação, já que o comandante se esquivou de todas as perguntas sobre a escalação. Ele nem sequer indicou quem deve sair da equipe para a entrada do jogador do Barcelona.
“A volta dele é uma boa notícia para nós porque ele foi um dos melhores jogadores da última temporada. Vai nos ajudar muito. Precisamos jogar bem para nos aproximar da classificação”, disse o técnico, que adoraria celebrar seu aniversário com um bom resultado.
“Seria o meu maior presente, com certeza.”
Um triunfo sobre o Paraguai pode assegurar matematicamente a classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 2026. A equipe terminará a terça-feira com vaga garantida no Mundial se vencer e contar com uma derrota da Venezuela para o Uruguai, em Montevidéu.
O time verde-amarelo está em quarto lugar nas Eliminatórias da América do Sul, com 22 pontos em 15 partidas. O Paraguai, com 24 pontos, está em terceiro. Até o sexto colocado do continente avançarão diretamente à Copa. O sétimo colocado ainda terá uma chance na repescagem.
Brasil x Paraguai
Competição: Eliminatórias da Copa do Mundo
Estádio: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Jesús Valenzuela (VEN)
Na TV: Globo e SporTV
Brasil: Alisson; Vanderson, Marquinhos, Alexsandro e Alex Sandro; Casemiro, Bruno Guimarães e Raphinha; Gabriel Martinelli, Matheus Cunha e Vinicius Junior
Técnico: Carlo Ancelotti
Paraguai: Roberto Fernández; Juan José Cáceres, Gustavo Gómez, Omar Alderete e Junior Alonso; Andrés Cubas, Mathías Villasanti, Diego Gómez e Miguel Almirón; Julio Enciso e Antonio Sanabria
Técnico: Gustavo Alfaro
Fonte: Folha de S.Paulo