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A política do município do Crato, no Cariri cearense, vive dias turbulentos. O epicentro da crise está no seio do Partido dos Trabalhadores (PT), onde acusações de traição, interferência indevida e uso da máquina pública estão abalando as estruturas da legenda. O protagonista desse embate é o deputado estadual Pedro Lobo (PT), que veio a público para denunciar o que chama de tentativa deliberada de transformar o diretório municipal do partido em uma “extensão da Prefeitura”.
Em declarações contundentes, Pedro Lobo acusa setores ligados à gestão municipal de agirem para desequilibrar a eleição interna do partido, prevista para julho, em uma movimentação que ele classifica como “golpe à democracia interna” e “traição pessoal e institucional”.
“O que está acontecendo no PT do Crato é um atentado à nossa história. Estão tentando capturar o partido, desviando-o de seus princípios e submetendo-o a interesses externos”, disparou o deputado em entrevista.
Segundo o parlamentar, filiados do PT vêm sendo abordados com promessas, favorecimentos e outras práticas que caracterizariam o uso indevido da estrutura da Prefeitura. A denúncia é grave: a administração municipal estaria usando seu aparato para favorecer um grupo específico dentro do partido.
“Tenho recebido relatos constantes de companheiros que estão sendo pressionados. Há tentativas explícitas de influenciar o voto dos filiados com o uso da máquina pública. Isso fere os princípios democráticos mais básicos que sempre defendemos”, afirmou Lobo.
Em tom emocional, Pedro Lobo não escondeu o sentimento de decepção com antigos aliados. Segundo ele, além da disputa política, há uma ruptura ética e moral no processo.
“Fui traído. Não apenas como parlamentar ou dirigente partidário, mas como militante que sempre respeitou a base. Esses movimentos são orquestrados por quem deveria proteger a democracia do partido.
O parlamentar recorda sua trajetória dentro do PT local, incluindo o gesto de ter abdicado de disputar a Prefeitura em eleições anteriores para apoiar José Ailton Brasil, então nome de consenso. Agora, no entanto, afirma que o mesmo respeito não lhe foi concedido quando, em 2024, venceu a prévia interna para ser o candidato à prefeitura. Segundo ele, antes mesmo da ata da reunião ser enviada ao diretório estadual, a decisão já havia sido revertida por meio de uma “intervenção institucional silenciosa”.
“Foi um processo antidemocrático. A escolha da base foi ignorada em nome de acordos escusos. Isso enfraquece o partido e despreza a vontade dos nossos militantes.”
Pedro Lobo garantiu que não aceitará passivamente a tentativa de captura do partido. Reforçou que continuará lutando pela autonomia partidária e denunciando qualquer tentativa de manipulação, seja interna ou externa.
“Partido não é secretaria da Prefeitura. Não vamos permitir que interesses alheios dominem o PT do Crato. Vou até o fim nesta luta, em defesa da nossa história, da democracia interna e dos filiados que acreditam em um partido independente e ético.”
O clima de tensão tende a crescer nas próximas semanas, com a aproximação da eleição que definirá o novo comando do PT no Crato. O desfecho dessa disputa poderá redefinir os rumos da legenda na cidade — e refletir diretamente nas estratégias para as eleições municipais.