
(Foto: Ricardo Stuckert / Ilustração)
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta segunda-feira (12), por meio do porta-voz Lin Jian, que a visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático é de grande importância diante da atual situação internacional, marcada por mudanças e turbulências. O relato foi publicado na agência Xinhua.
A manifestação do governo chinês, presidido por Xi Jinping, foi registrada em um contexto de R$ 27 bilhões em negociação para investimentos em solo brasileiro. O dinheiro será investido em setores como energias renováveis, tecnologia, delivery, saúde, fast food, entre outros.
O governo chinês destacou a importância dos dois países para o grupo dos BRICS e do Sul Global. “O presidente Lula é o líder de um importante país latino-americano e um estadista internacional experiente, com influência significativa”, disse Lin, destacando que esta é a sexta visita de Lula à China, e a segunda desde 2023.
Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. O país asiático ocupa a liderança tanto nas exportações quanto nas importações. De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países representou cerca de US$ 38,8 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 19,8 bilhões e importou US$ 19 bilhões.
Entre os principais produtos exportados pelo Brasil ficaram óleos brutos de petróleo, soja e minério de ferro e concentrados. O Brasil, por sua vez, importa da China principalmente embarcações, equipamentos de telecomunicações, máquinas e aparelhos elétricos, válvulas e tubos termiônicos (válvulas).
A convite do presidente chinês, Xi Jinping, Lula está em visita de Estado à China de 10 a 14 de maio. Durante a visita, o presidente Lula participará da cerimônia de abertura da quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
Durante a bem-sucedida visita de Estado do presidente Xi ao Brasil em 2024, os dois chefes de Estado anunciaram conjuntamente a elevação das relações bilaterais a uma Comunidade China-Brasil com Futuro Compartilhado, voltada para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável, além do estabelecimento de sinergias entre a Iniciativa do Cinturão e Rota, e outras estratégias de desenvolvimento.
A China atribui grande importância ao papel significativo do Brasil nos assuntos da América Latina e do Caribe (ALC) e está disposta a trabalhar com o Brasil para promover novos avanços na construção de uma comunidade China-ALC com futuro compartilhado, acrescentou o porta-voz.
Investimentos
Mais cedo, o presidente Lula comentou sobre os aportes bilionários que podem ser feitos no Brasil por meio de acordos com a China. “Demos mais um passo para fortalecer nosso intercâmbio bilateral e criar oportunidades de comércio e desenvolvimento. China e Brasil são parceiros estratégicos e atores fundamentais nos temas globais. Apostamos na redução das barreiras comerciais e queremos mais integração”, disse, em Pequim.
A previsão é de R$ 27 bilhões. A GWM, uma das maiores montadoras chinesas, anunciou investimento de R$ 6 bilhões para expansão de suas operações no Brasil, a partir de onde exportará para toda a América do Sul e México. A Meituan, plataforma chinesa de delivery, investirá cerca de R$ 5 bilhões para atuar no mercado de entrega, por meio do aplicativo Keeta. O investimento prevê, nos próximos cinco anos, a geração de 100 mil empregos indiretos e a instalação de uma central de atendimento no Nordeste, com 3 a 4 mil empregos diretos.
A empresa estatal chinesa CGN irá investir mais de R$ 3 bilhões em um HUB de energia renovável no Piauí. Serão investimentos na geração de energia eólica, energia solar, armazenamento de energia e energia termosolar, gerando mais de 5.000 empregos na construção das unidades.
A Envision, líder global em tecnologia verde, investirá até R$ 5 bilhões para construir o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, promovendo a construção de um ecossistema verde que inclui Combustível Sustentável de Aviação (SAF), hidrogênio verde e amônia verde.
A Mixue, maior rede chinesa de bebidas no mundo, com mais de 45 mil lojas, vai comprar produtos brasileiros e iniciar operação no Brasil investindo R$ 3,2 bilhões, com estimativa de gerar 25 mil empregos até 2030.
A Baiyin Nonferrous Group, grupo minerador chinês, anunciou a aquisição da mina de cobre Serrote, no estado de Alagoas, com um investimento total de R$ 2,4 bilhões.
A DiDi, dona do aplicativo 99 táxi, anunciou investimento no setor de delivery e a construção de 10 mil pontos públicos de recarga para promover a eletrificação de veículos no Brasil.
A Longsys, empresa chinesa de semicondutores, anunciou um investimento de R$ 650 milhões, sobretudo destinados ao aumento da capacidade produtiva de fábricas de semicondutores de São Paulo e Amazonas.
A empresa brasileira Nortec Química, maior produtora de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) da América Latina, firma parceria com as empresas chinesas, Acebright, Aurisco e Goto Biopharm, da ordem de R$ 350 milhões, para a construção de uma plataforma industrial de IFAs no Brasil.
A ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) firmou acordos com Luckin Coffee para promoção do café brasileiro; com Huaxia Film para promover o cinema nacional; e com a rede de supermercado Hotmaxx, para venda de produtos brasileiros no varejo.
Outros acordos
- Eurofarma e Sinovac criarão o Instituto Brasil-China para a Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas
- Raízen Energia e SAFPAC estabelecem as bases para discussão e potencial acordo de longo prazo para fornecimento de bioetanol pela Raízen à SAFPAC, visando a produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) na China. O acordo implica investimentos da ordem de R$ 1 bilhão
- A REAG Capital Holding e a CITIC Construction cooperam no âmbito do programa nacional de conversão de pastagens degradadas em sistemas de produção agrícola e florestal sustentável no Brasil.
- A ABES, Associação Brasileira das Empresas de Software, e o ZGC, mais importante parque tecnológico chines, fomentam parcerias em inteligência artificial, infraestrutura de dados, expansão de mercados e capacitação de talentos.
- Fiocruz e a chinesa Biomm do setor farmacêutico investem na produção local de insulina, fortalecendo o fornecimento estável de insulina no Brasil e beneficiando 16 milhões de pessoas com diabetes.
Fonte: Brasil 247