26 de abril de 2025
Biblioteca Meta: um convite ao livro, à escrita e à ciência

Arquivo: @Metanoiaeduca

A Biblioteca Meta é uma das células do projeto @metanoiaeduca, idealizado pela professora Drª Francilda Mendes. Mais do que um Clube de Leitura, a Biblioteca Meta é uma ferramenta para que o leitor/a leitora possa transformar sua relação com o livro, com a escrita e com a ciência.

Eu, Luciana Bessa, leitora e idealizadora do Nordestinados a Ler: Blog Literário (@nor.destinados), que trabalha a literatura de autoria feminina produzida na região Nordeste, fui convidada para, junto  com a profª Francilda, desenvolver esse projeto “teórico literário científico”. Afinal, se a missão da literatura é circular, que possamos escrever sobre ela com um olhar científico.

Para essa primeira temporada da Biblioteca Meta, elegemos o “Feminino e o Feminismo” como temática. Por quê? Falar do Feminino e do Feminismo é necessário em uma sociedade patriarcalista em que as mulheres ainda precisam brigar por cargos e salários iguais aos dos homens, mas, sobretudo, por que precisam lutar pela preservação de suas próprias vidas. Falar do Feminino e do Feminismo é necessário para desmistificar estigmas e estereótipos sobre “ser mulher”. Falar do Feminino e do Feminismo é necessário para atualizar o “papel e o lugar da mulher” na contemporaneidade.

Se o artigo 5º da Constituição Federal estabelece que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, mas, se são os homens que mais publicam livros e mais ganham prêmios; se são os homens que ocupam cargos mais importantes dentro das grandes corporações, ou mesmo na política; a conversa sobre o Feminino e o Feminismo é ampla, justa, atual e urgente.

Neste sentido, elegemos seis obras de escritoras brasileiras e estrangeiras que pudessem nos auxiliar nessa empreitada. Iniciamos com Simone de Beauvoir (1908-1986), escritora, intelectual, ativista política e teórica social francesa. Sua obra de ficção A mulher desiludida (1967), traz um olhar sobre temas como: a velhice, o abandono, a solidão e o corpo feminino etc.

A segunda obra, O Quinze (1930), escrita pela cearense Rachel de Queiroz (1910-2003), a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras (ABL) e a primeira a ser agraciada com o Prêmio Camões (1993), o mais importante prêmio literário da Língua Portuguesa, é um clássico da literatura brasileira, que aborda a seca de 1915.

A terceira obra é A hora da estrela (1977), da escritora ucraniana naturalizada brasileira, Clarice Lispector (1920-1977), considerada pela crítica especializada uma das mais importantes do século XX. O romance foi adaptado para o cinema em 1986 sob a direção de Suzana Amaral. Em 2015, o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

Em seguida, temos uma coletânea de contos, Olhos D’ água (2014), da professora, teórica e escritora mineira Conceição Evaristo (1946). Os textos são centrados na população afro-brasileira, foi agraciado no ano de 2015, com Prêmio Jabuti, a maior premiação que um escritor, no caso escritora, pode receber em território nacional. Lembrando que Conceição Evaristo foi eleita (primeira mulher negra), no ano de 2023, como a Intelectual do Ano pelo Prêmio Juca Pato.

A quinta obra é um romance distópico – O conto da Aia (1985) – escrito pela poeta, contista, ensaísta e crítica literária canadense Margaret Atwood (1946). Uma narrativa distópica é aquela que se passa em uma sociedade futurística desumanamente opressiva e totalitária.  No mesmo ano de sua publicação, O conto da Aia (1985) ganhou o prêmio Governor General’s Awards. No ano seguinte, foi contemplado com o Prêmio Nebula e o Prémio Man Booker. Em 1987, foi o primeiro romance a receber o Prêmio Arthur C. Clarke. Em 1990, a narrativa chegou aos cinemas sob a direção de Volker Schlöndorff. E, em 2017, Bruce Miller adaptou o texto para a televisão via streaming em cinco temporadas.

Para finalizar, retornamos ao Brasil com a escritora paraibana Maria Valéria Rezende e sua obra Quarenta Dias (2014). Em 2015, recebeu o Prêmio Jabuti como o melhor romance da 57ª edição.

O que essas seis obras têm em comum? Foram escritas por mulheres, têm protagonistas mulheres e tratam de temáticas – amor/desamor, traição, abandono, casamento, maternidade, subjugação, violência, opressão, crise de identidade – que interessam a todos nós.

A Biblioteca Meta, iniciada no mês de abril tem duração de seis meses. As aulas acontecem de maneira assíncronas (plataforma Kiwify) e síncronas (Google Meet), uma vez por mês (22/04, 19/05, 16/06, 21/07, 18/08, 22/09) acerca das obras literárias escolhidas. Além de incentivar à leitura e à escrita científica (artigos, resenhas, projetos), a Biblioteca Meta possibilita a socialização de seus membros, instiga-os a pensar nos desafios em produzir ciência, bem como nas lutas e conquistas do Feminino e do Feminismo.

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