
Foto: IAT/BA
A História da morte do grande educador brasileiro Anísio Teixeira
Nesta semana o Brasil registra os 54 anos da morte (por assassinato) de um dos nomes mais importantes da nossa educação, Anísio Teixeira, encontrado morte dois dias depois ao seu desparecimento. Ele tinha saído para visitar o amigo Aurélio Buarque de Holanda. Visita que ele nunca pôde fazer.
Anísio Teixeira é considerado um dos mais importantes e relevantes nomes da educação pública no Brasil. Ele fez parte das principais ideias e inovações na nossa educação pública. Foi Reitor da Universidade de Brasília, sendo afastado em abril de 1964 por ordem da ditadura militar que se instaurara no Brasil e que posteriormente a muitos brasileiros mataria.
Anísio Teixeira foi morto em 1971. Mesmo ano do assassinato do deputado cassado Rubens Paiva, torturado e seu corpo desaparecido nos chamados porões da ditadura brasileira.
Na década de 1930, Anísio foi reconhecido como um dos maiores educadores do Brasil e fez parte do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Esse documento, formulado no ano de 1932, propunha uma reformulação da educação no Brasil e estipulava a construção de uma escola pública e laica que não permitisse que o acesso à educação fosse visto como um privilégio, mas sim como um direito de todo cidadão brasileiro. A proposta do manifesto defendia uma escola que superasse o ensino tradicional e que fosse responsável por educar e formar homens e mulheres livres, que pudessem participar do processo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Anísio Teixeira acreditava que essa escola pública com ensino crítico e reflexivo era crucial para a consolidação da democracia no Brasil.
Em 1947 o educador foi convidado pelo então governador da Bahia, Otávio Mangabeira, para trabalhar como chefe da Secretária de Educação do estado. Nesse cargo ele foi responsável por projetos educacionais importantes, como exemplo da Escola-Parque, onde era fornecido ao(à) aluno(a) alimentação, higiene, além de estudos para formá-lo(a) como cidadão(ã) e para prepará-lo(a) ao mercado de trabalho. Esse projeto desenvolvido por Anísio Teixeira corresponde ao que conhecemos atualmente como ensino integral.
Na década de 1950 ele atuou na chefia da Capes, na Campanha de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior, e no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep), importantes órgãos da educação no país. Nesse período, ele teve atuação crucial na formulação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, um dos documentos mais importantes que regem a educação brasileira.
Já em 1961, Teixeira foi um dos idealizadores da Universidade de Brasília (UnB), sendo reitor dessa instituição de junho de 1963 a abril de 1964. Ele foi afastado da reitoria logo no início da Ditadura Militar. No período autoritário, ele ainda foi aposentado compulsoriamente do serviço público.
A MORTE DE ANÍSIO TEIXEIRA
Depois de realizar uma conferência na Fundação Getúlio Vargas, na Praia de Botafogo, no Rio, o jurista e escritor baiano Anísio Teixeira, um dos principais pensadores da educação no Brasil, saiu andando em direção ao Edifício Duque de Caxias, a cerca de 200 metros dali. Na época, Teixeira estava fazendo campanha para se eleger a uma cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL) e, naquele dia 11 de março de 1971ele encontraria o “imortal” Aurélio Buarque de Holanda para um almoço na casa do famoso dicionarista.
O educador, porém, jamais apareceu no apartamento do lexicógrafo. Na noite daquela quinta-feira, sua família começou a procurar por ele, mas Anísio nunca mais foi encontrado com vida. Seu corpo foi achado apenas no sábado à tarde, no poço do elevador do Edifício Duque de Caxias. Segundo a versão oficial da morte do jurista de 70 anos, divulgada na imprensa de então, ele sofreu um acidente ao tomar o elevador para a residência de Holanda. Entretanto, relatos dão conta de que, antes de chegar ao prédio, Teixeira fora detido por representantes da ditadura militar.
No livro “Breve história da vida e morte da vida e morte de Anísio Teixeira”, o pesquisador João Augusto de Lima Rocha, professor da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), reuniu informações que contestam a narrativa de acidente. Publicada em 2019, a obra reúne declarações de pessoas ligadas ao regime militar dando conta de que o jurista tinha foi levado para um interrogatório na Aeronáutica antes de chegar no Edifício Duque de Caixas. Segundo a família do educador, nenhum porteiro o viu passar pela entrada do prédio.
O laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML) sobre a morte de Teixeira foi ocultado durante décadas. Só foi encontrado em 2016, pela Comissão Nacional da Verdade, que investigou uma série de crimes cometidos pelos organismos de repressão da ditadura. Ao ser apresentado publicamente, no dia 11 de março daquele ano, o documento gerou uma grande surpresa por afirmar que o educador morreu no dia 12 de março. Portanto, um dia após seu desaparecimento e um dia antes de seu corpo ser encontrado no poço do elevador.
– Os médicos amigos da família que acompanharam a chegada do corpo ao IML disseram que as fraturas não poderiam ter sido causadas por uma queda e que, pela maneira como foi achado o corpo, era impossível ele ter caído – afirma o professor Lima Rocha. – Além disso, os óculos do Anísio Teixeira foram encontrados intactos.
O baiano nascido no município de Caetité, no sertão do estado, nunca foi ativista político, jamais pegou em armas. Mas sempre foi um visionário. O homem que desde os anos 90 dá nome ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) Anísio Teixeira começou a atuar na área durante a década de 20. Signatário do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” (1932), ele pregava o ensino laico, universal, humanista e de valores progressistas, livre de privilégios. Por tudo isso, seu trabalho sempre gerou a antipatia dos conservadores.
Fonte: Site do Sindicato dos Professores de Santos e site do jornal O Globo.