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Recentemente, a aprovação de leis que restringem o uso de celulares em sala de aula por estudantes tem gerado debates acalorados no Brasil. A medida visa reduzir distrações e melhorar a qualidade do ensino, mas também levanta questões sobre autonomia dos alunos e o papel da tecnologia na educação.
O que diz a nova lei?
No Brasil, diversas redes estaduais e municipais de ensino têm adotado normas que limitam ou proíbem completamente o uso de celulares durante as aulas. A iniciativa se baseia em estudos que indicam que a presença de dispositivos eletrônicos pode prejudicar o desempenho acadêmico. De acordo com uma pesquisa realizada pela London School of Economics (Beland & Murphy, 2016), escolas que restringiram o uso de celulares apresentaram um aumento significativo no rendimento dos alunos, especialmente entre aqueles com dificuldades de aprendizado.
A legislação brasileira já permite que cada estado e município regulamente o uso de celulares nas escolas. Recentemente, estados como São Paulo e Paraná implementaram medidas mais rigorosas, com base na Lei Estadual nº 17.650/2023, que restringe o uso dos aparelhos para evitar prejuízos à concentração dos alunos.
Argumentos a favor
Defensores da lei argumentam que o uso excessivo de celulares em sala de aula compromete a atenção dos estudantes, afetando negativamente o aprendizado. Um estudo da Universidade Stanford (Ophir, Nass & Wagner, 2009) demonstrou que a multitarefa digital reduz a capacidade de foco e memória, impactando diretamente a absorção de conteúdo acadêmico.
Além disso, professores relatam dificuldades em manter a disciplina quando os alunos estão constantemente conectados a redes sociais e jogos online. Para muitos especialistas, o ambiente escolar deve ser um espaço de interação social e reflexão crítica, o que pode ser prejudicado pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos.
Argumentos contrários
Por outro lado, críticos da lei alertam para a necessidade de adaptar a educação ao mundo digital. Segundo Moran (2013), a tecnologia pode ser uma aliada no processo pedagógico, estimulando a interatividade e proporcionando acesso a uma vasta quantidade de informações. Em vez de proibir, alguns especialistas defendem que os celulares sejam utilizados de forma planejada, integrando-os ao aprendizado e promovendo o uso consciente.
Há também preocupações sobre segurança, pois muitos pais utilizam os celulares para manter contato com seus filhos durante o período escolar. Além disso, a proibição total pode não ser eficaz sem uma política educacional que ensine os jovens sobre o uso responsável da tecnologia.
Conclusão
A discussão sobre a proibição do uso de celulares em sala de aula continua dividida entre aqueles que enxergam a medida como um avanço para a educação e aqueles que a consideram um retrocesso. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre disciplina, aprendizado e inovação pedagógica. Cabe às escolas, professores e famílias buscarem soluções que garantam um ambiente escolar produtivo e, ao mesmo tempo, prepararem os estudantes para o mundo digital.
Referências:
– BELAND, L. P.; MURPHY, R. Ill Communication: Technology, Distraction & Student Performance. London School of Economics, 2016.
– OPHIR, E.; NASS, C.; WAGNER, A. D. Cognitive control in media multitaskers. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2009.
– MORAN, J. A Educação que Desejamos: Novos Desafios e Como Chegar Lá. Papirus, 2013.