28 de fevereiro de 2025
FANKA – A LITERATURA DE CORDEL É A PONTE

Karina Marques (CRLA/Poitiers)

COLUNA O VERBO FEMININO | POR ÍRIS TAVARES

Este ano o Brasil e a França comemoram 200 anos de uma relação bilateral de cooperação voltada para ações comuns frente aos desafios políticos, sociais e ecológicos que se apresentam em diferentes períodos nesses últimos dois séculos. A Temporada Brasil – França durante os anos de 2025, partiu do entendimento dos presidentes Emmanuel Macron e Luiz Inacio Lula da Silva, governos brasileiro e francês, cujo objetivo principal é dar um novo impulso as parcerias entre instituições e organizações francesas e brasileiras, considerando a possibilidade de postergar as relações para além de 2025 e assim fortalecer muito mais os laços entre as nossas sociedades.

Ocorre que no preludio dessa Temporada está previsto a partir de janeiro, importantes eventos em distintos setores, em especial reporto o Seminário Fond Raymond Cantel en Évolution: conservação, comunicabilidade e pesquisas recentes França-Brasil. Realizado em fevereiro e que contou com a participação da nossa querida professora e pesquisadora Fanka Santos do curso de biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Ela é natural de Juazeiro do Norte.

 

 

No seminário Fanka apresentou a sua pesquisa publicada e intitulada O Livro Delas: catálogo de mulheres autoras no cordel e na cantoria nordestina, e traz um recorte de gênero importante e necessário na produção de cordel realizada entre os séculos 19 e 21. O Livro Delas está entre as trinta realizações brasileiras finalistas da edição 2024 do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Vale ressaltar a sua permanência durante todo o mês de fevereiro, atendendo ao convite da Universidade de Poitiers, na França, ministrando aulas sobre a literatura de cordel para a comunidade acadêmica local interessada em estudar e realizar pesquisa nessa área.

Sinto-me a vontade para falar do trabalho que a professora Fanka vem desenvolvendo enquanto pesquisadora. Uma caririense com raízes fincadas nas suas origens, uma mulher que assumi o protagonismo e que aceita socializar os seus saberes e o seu conhecimento nas suas andanças por esse mundão de meu Deus. É tão maravilhoso, um tanto quanto revolucionário, pois beber nesse pensamento feminista, agroecológico, libertário e ancestral é sem dúvida um grande privilegio que se estende do Brasil a França.

A UFCA está de parabéns por ter no seu quadro de doutores uma mulher feito essa, aquela que na ciência uni o conhecimento e os saberes, que cava com as próprias unhas as preciosidades da linguagem e da oralidade do ser do nosso povo, da essência dessa cultura que habita em nós e que precisamos tê-la sempre colada em nossa identidade, em nossa alma. Salve querida Fanka. Gratidão!

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