Conforme a Defensoria, a família do homem procurou o Núcleo Regional de Custódia e Inquéritos da Defensoria Pública, em Sobral, após tomar conhecimento de um mandado de prisão preventiva contra ele.Na ocasião, os parentes apresentaram capturas de tela de celular mostrando que no dia do crime o homem estava no município de Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia, a 1.600 quilômetros de distância da cidade cearense onde ocorreu o assalto.
Segundo o defensor público Thácilo Evangelista, que atua no Núcleo e foi o responsável pelo primeiro atendimento, a captura de tela apresentada não tem sido aceita pelos Tribunais, porque a imagem pode ser facilmente manipulada e adulterada.Por isso, o órgão optou pela prova digital, com a utilização de técnicas próprias que garantam a fidelidade dos dados, auditáveis pelo juiz.
“Nesse momento acionamos o Núcleo de Investigação Defensiva para elaborar parecer técnico com a colheita desses dados digitais e efetivamente provar a inocência do nosso assistido”, disse Thácilo Evangelista.
Como o Google foi utilizado
Para garantir a veracidade das informações, o Núcleo de Investigação Defensiva coletou e analisou os dados do celular do jovem por meio da ferramenta Google Takeout, que permite aos usuários fazer o download de uma cópia dos seus dados armazenados.
O laudo técnico apontou que o jovem esteve dez vezes em um estabelecimento comercial na Bahia, incluindo registros nos dias 5 e 8 de agosto de 2023. Além disso, fotos postadas em suas redes sociais mostravam que ele estava na cidade baiana. Os dados digitais analisados também indicaram que somente nodia 14 de agosto de 2023 o homem deixou o Estado, quando iniciou uma viagem de ônibus até Sobral, chegando ao Ceará apenas no dia 15.
A partir desse laudo técnico, o defensor público Luis Carlos Garcia Júnior solicitou à Justiça a revogação da ordem de prisão e a retirada da acusação contra o jovem, o que foi aceito pelo juiz. “Sem essa atuação técnica e especializada, uma pessoa inocente poderia ser condenada. Esse caso demonstra como a Defensoria, quando bem estruturada, é essencial para garantir justiça a quem não tem condições de se defender sozinho”, disse Thácilo Evangelista.