1 de fevereiro de 2025
Alta dos combustíveis pressiona alimentos e inflação no Brasil

Foto: Reprodução/Redes Sociais

“O aumento dos combustíveis é um dos principais itens que têm impacto na inflação, porque ele impacta em todas as cadeias produtivas, nos fretes, nos transportes de bens e serviços, e isso gera um efeito dominó na inflação”, explica Lauro Chaves, professor da Universidade Estadual do Ceará e presidente da Academia Cearense de Economia.

Ele observa ainda que a velocidade com que os reajustes chegam ao consumidor é rápida, o que interfere em outras frentes, principalmente na política monetária do País – responsável por tentar frear o processo inflacionário. Nesta frente, o Banco Central sinaliza aumentos sucessivos na taxa básica de juros em 2025, com expectativa de chegar a mais de 15% ao término do ano.

Como efeito, ele analisa que “isso pode gerar um aumento da expectativa de inflação, um aumento no juros futuro, influenciar ainda mais a política monetária que o Banco Central tem se mostrado muito vigilante aos impactos da inflação.”

“Isso repercute em toda a economia, porque uma taxa de juros elevada inibe o consumo, inibe os investimentos e inibe a atividade econômica. Por outro lado, uma inflação elevada, ela destrói tudo, então o combate à inflação precisa ser feito e nós não podemos ver na economia essas questões serem relativizadas”, observa.

Setores lamentam altas e calculam impactos

Entre o aumento das bombas e os consumidores na venda de alimentos, empresários lamentam o reajuste duplo sobre o diesel que acontece neste sábado. Cláudia Novais, presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu) disse que o setor está “apreensivo” com o cenário.

“O transporte de cargas, essencial para a distribuição de alimentos e produtos básicos, deverá sofrer reajustes que tendem a refletir nas gôndolas dos supermercados e no orçamento de todas as famílias do nosso Estado”, afirmou em nota ao O POVO.

Cláudia lamentou “que os consumidores precisem enfrentar mais esse desafio para garantir itens essenciais em suas mesas”, sinalizando o repasse dos aumentos aos consumidores, e disse estar comprometida em “buscar alternativas e manter o diálogo com fornecedores e parceiros para mitigar os efeitos desse cenário, sempre priorizando o bem-estar dos clientes e a sustentabilidade do varejo.”

No caso dos bares e restaurantes, o entendimento é de que a elevação “traz pressão maior nos custos e no bolso do consumidor, que vai consumir menos.” Isso faz com que o repasse para o cardápio, não seja uma certeza, segundo Taiene Righetto, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará. Com isso, ele projeta um aumento do número de falências no setor.

Essa é mais uma notícia terrível que o setor de bares e restaurantes e a economia de todo o País recebem. Com toda certeza esse novo aumento vai trazer um aumento sobre todos os insumos que os bares e restaurantes utilizam”, lamenta

Ele recorda que a última pesquisa de cenário da Abrasel nacional demonstra um cenário “muito difícil para o setor”, com “mais da metade dos bares e restaurantes trabalhando há mais de seis meses sem lucro e com dívidas ainda da pandemia”.

“A pressão inflacionária tem trazido ainda uma redução de margem enorme por questão de que são insumos primários do setor e a inflação tem corroído o poder de compra da população como um todo. Isso nos impede de passar esses aumentos para o cardápio.”

Redução nas bombas na antevéspera pode atenuar reajustes

O efeito esperado, no entanto, pode ter menos repercussão. Isso porque, ainda na noite da quinta-feira, 30 de janeiro, parte dos postos de combustíveis da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) reduziram os preços nas bombas em mais de R$ 0,20.

Antes encontrado a R$ 6,22 por litro em média, o preço do diesel na RMF foi vendido por até R$ 5,97. O POVO encontrou ainda baixas nos preços da gasolina, que tinha o litro médio encontrado de R$ 6,36 por a R$ 5,99.

Mas o movimento não pode sinalizar em nada o comportamento futuro desses estabelecimentos, segundo admitiu Antonio José Costa, assessor Econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos).

“Essa movimentação (de baixa nos preços) é em função da competição no mercado local e dos descontos de distribuidoras. Quando há uma concorrência acirrada, eles (os proprietários de postos) conseguem desconto das distribuidoras e remarcam os preços”, afirmou sobre o observado nos dois últimos dias.

O executivo afirmou que tanto os aumentos feitos pela Petrobras quanto os já esperados aumentos a partir da nova alíquota do ICMS não são decisivos para o reajuste nas bombas e chegou a afirmar que há componentes mais influenciadores. Neste caso, chegou a citar o dólar com tendência de alta, apesar da moeda americana ter emplacado 12 dias consecutivos de baixa no câmbio.

“A tendência é de alta. Não tem nada de baixa, não. Isso quer dizer que pode até não ocorrer, amanhã (hoje, 1º), qualquer mudança em relação ao imposto. Vai depender da concorrência local”, reafirmou.

Alterações aplicadas neste sábado

ICMS

Gasolina

Mais R$ 0,10 por litro. Vai de R$ 1,37 para R$ 1,47/l

Etanol

Mais R$ 0,10 por litro, Vai de R$ 1,37 para R$ 1,47/l

Diesel

Mais R$ 0,06 por litro. Vai de R$ 1,06 para R$ 1,12/l

Biodiesel

Mais R$ 0,06 por litro. Vai de R$ 1,06 para R$ 1,12/l

Gás de cozinha (GLP)

Menos R$ 0,02 por quilo. Vai de R$ 1,41 para R$ 1,39/kg

PETROBRAS PARA
AS REFINARIAS

Querosene de aviação: acréscimo de 8%

Gás natural: queda de 1%

Asfalto: alta de 4,6%

Fonte: Comsefaz e Petrobras

Preocupados com o diesel, caminhoneiros marcam reunião no Porto de Santos

Preocupados com o possível aumento no preço do diesel, as principais lideranças dos caminhoneiros marcaram uma reunião para o próximo dia 8, no Porto de Santos, informa o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o “Chorão”. “A gente busca que o atual governo faça alguma coisa pelo segmento do transporte. A gente vê a questão da defasagem do diesel e a volta do ICMS. Quem vai sofrer com isso de verdade é o transportador de carga e a população.”

A defasagem do preço do diesel produzido pela Petrobras em relação ao mercado internacional vem caindo dia a dia, mas continua no patamar de dois dígitos, o que pode levar a estatal a aumentar o combustível em algum momento. O último reajuste do produto foi em dezembro de 2023. Na terça-feira, 28, o preço do diesel nas refinarias da estatal fechou 16% abaixo do praticado no mercado internacional, contra os 28% de diferença registrados na semana passada.

O efeito esperado, no entanto, pode ter menos repercussão na Grande Fortaleza. Isso porque, ainda na noite da quinta-feira, 30 de janeiro, parte dos postos de combustíveis reduziram os preços nas bombas em mais de R$ 0,20. Antes encontrado a R$ 6,22 por litro em média, o diesel na RMF foi vendido por até R$ 5,97. O POVO encontrou ainda baixas nos preços da gasolina, que tinha o litro médio observado de R$ 6,36 e foi para R$ 5,99.

Antonio José Costa, assessor Econômico do Sindicato dos Postos do Ceará (Sindipostos), afirmou que os aumentos feitos pela Petrobras e de ICMS não são decisivos para o reajuste nas bombas. Neste caso, chegou a citar como mais impactante “o dólar com tendência de alta”, apesar de a moeda ter emplacado 10 dias consecutivos de baixa. (Com Agência Estado)

Com informações do O Povo

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