Quase 40 anos após conquistar o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes pelo filme Eu Sei Que Vou Te Amar, Fernanda Torres voltou a brilhar no cenário internacional ao levar o prêmio de Melhor Atriz em Filme de Drama em 2025 por sua atuação em Ainda Estou Aqui. A obra, dirigida por Walter Salles nos leva até um Brasil nos anos 1970 do século XX quando nosso país era massacrado por uma violenta ditadura militar.
A conquista tem impacto cultural profundo, projetando novamente o cinema nacional no exterior e reforçando o valor das narrativas brasileiras em um mercado global dominado por Hollywood. Além disso, Ainda Estou Aqui destaca temas que hoje são importantes para a sociedade brasileira.
Nosso país viveu momentos e anos de muitas angústias durante a ditadura militar, com atos de violência do governo, descontrole inflacionário, ataque aos direitos do povo trabalhador, o fim das liberdades democráticas e até do direito de eleger um Presidente da República nos foi tirado pelos militares.
O filme é baseado no livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva, escritor e jornalista e filho de Rubens Paiva assassinado nos porões da ditadura e Eunice Paiva retratada no filme por Fernanda Torres (jovem) e uma magistral Fernanda Montenegro (na velhice). Eunice lutou a vida inteira para restaurar a verdade sobre a morte de seu esposo.
Com esse feito, Fernanda Torres reafirma o papel do Brasil como um celeiro de talentos e dá novo fôlego à produção audiovisual do país, inspirando artistas e cineastas a perseverarem em um setor que luta por mais reconhecimento e investimento.
“Ainda Estou Aqui”: Walter Salles emociona com drama intimista sobre memória
O cineasta Walter Salles retorna ao protagonismo do cinema mundial com Ainda Estou Aqui, um drama comovente que explora um momento do Brasil que nada tem a ser comemorado. E muito a ser lembrado.
O filme, protagonizado por Fernanda Torres, narra a jornada de uma mulher em busca de respostas sobre seu passado e a tentativa de reconstruir laços familiares perdidos em meio à uma ditadura. Narra com leveza nos seus primeiros minutos o cotidiano simples de uma família de classe média alta numa imensa casa à beira mar no Rio de Janeiro.
Com sua sensibilidade característica, Salles utiliza uma narrativa intimista e visualmente impactante, destacando paisagens que dialogam com as emoções dos personagens.
Ainda Estou Aqui vem sendo aclamado por artistas famosos, cineastas e produtores no mundo inteiro, recebendo elogios por sua abordagem universal de temas profundamente humanos. A atuação de Fernanda Torres, marcada por uma vulnerabilidade tocante, é apontada como um dos pontos altos do filme, consolidando-a como uma das grandes atrizes do cinema brasileiro.
Com este trabalho, Walter Salles reafirma sua posição como um dos maiores diretores do país, mostrando que o cinema brasileiro continua a dialogar com questões globais e a emocionar públicos ao redor do mundo.
Lembrando que o Brasil não ganha seu primeiro prêmio internacional com este filme. Películas como Central do Brasil (1999) venceu o prêmio de melhor filme de Língua Estrangeira(Globo de Ouro) e Cidade de Deus (2001) ganhou o prêmio de melhor edição — para Daniel Rezende — nos British Academy Film Awards (Bafta), a principal premiação da indústria cinematográfica britânica. Sem falar em outras premiações para filmes como O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) que venceu prêmio de diretor em Cannes e O Pagador de Promessas que conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1962.