O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em um encontro de confraternização com ministros realizado na última sexta-feira (20), estar satisfeito com a prisão do general Walter Braga Netto, por considerar a medida um passo importante para combater a impunidade no país. As declarações de Lula foram confirmadas por participantes da reunião e divulgadas pela Folha de S. Paulo, que enfatizou o clima de coesão no Palácio da Alvorada.
No evento, Lula destacou que a detenção de um militar de alta patente demonstra que a punição não deve se restringir apenas às camadas mais pobres da população. “O que eu não tive, eu quero que eles tenham: todo o direito e todo o respeito para que a lei seja cumprida. Mas, se esses caras fizeram o que tentaram fazer, eles terão que ser punidos severamente”, declarou o presidente, em referência à prisão de Braga Netto ocorrida no sábado anterior (14).
Durante a mesma fala, o chefe do Executivo lembrou que, supostamente, havia sido arquitetado um plano para o assassinato dele próprio, de seu vice e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem Lula se referiu como “Xandão”. Também reforçou que todos os ministros devem permanecer em Brasília no dia 8 de janeiro, data que marca o aniversário da depredação das sedes dos três Poderes, ocorrida no início de 2023. A intenção é manter vivos os debates sobre a defesa da democracia, evitando que os ataques sejam esquecidos.
Na visão do presidente, a presença de autoridades internacionais em eventos que celebrem a democracia brasileira e mundial também será fundamental para combater o autoritarismo. Recentemente, Lula ressaltou o direito de Braga Netto à presunção de inocência. No entanto, afirmou que eventuais culpados por “crimes graves” contra as instituições precisam ser “punidos severamente”.
A prisão de Braga Netto é um fato inédito na história do país, já que, até então, nenhum militar do mais alto posto do Exército havia sido detido por determinação do Judiciário, em um processo conduzido por civis. A decisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, do STF, após representação da Polícia Federal que apontaria, de acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, provas suficientes de autoria e materialidade dos crimes em questão. O objetivo principal da medida cautelar seria mitigar riscos à ordem pública e garantir a aplicação da lei penal.
As suspeitas que pesam contra o general ganharam força a partir de setembro de 2023, quando o tenente-coronel Mauro Cid obteve homologação de um acordo de colaboração premiada no STF. Desde então, surgiram indícios de tentativas de interferência nas investigações, o que reforçou a necessidade, segundo as autoridades, de prisão preventiva.
Movimentações no governo
No mesmo encontro de sexta-feira, que misturou discussão política com celebração de fim de ano, Lula reuniu ministros e líderes do Congresso para avaliar estratégias e a possibilidade de promover uma reforma ministerial no início do próximo ano. Apesar de não ter mencionado diretamente as futuras mudanças em seu discurso, o presidente deu sinais de alteração na pasta de comunicação ao convidar o marqueteiro Sidônio Palmeira para a reunião, indicando que ele poderia substituir Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação.
Além disso, Lula demonstrou insatisfação com a condução da “versão social” do G20, sob responsabilidade do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo. Ao fazer críticas públicas, o presidente sinalizou uma possível substituição na pasta, levantando a hipótese de que Macedo pudesse ser realocado e abrindo espaço para que Pimenta assuma uma nova função no governo.
Com informações do Brasil 247.