11 de abril de 2025
Periquito Cara-Suja retorna à Caatinga no Ceará

Legenda: Durante cinco meses, os 18 periquitos permaneceram em recintos de aclimatação dentro da reserva, | Foto: Divulgação Semace

Nesta semana, a Caatinga cearense presenciou o retorno do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) , após mais de 100 anos sem registros da ave na região do Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI).

A volta aconteceu após 18 exemplares da espécie ameaçada serem reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), no Ceará, na quinta-feira (12).

A Reserva Natural Serra das Almas é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do estado e o periquito-cara-suja teve os últimos espécimes confirmados na região há 114 anos.

O retorno ao habitat natural agora ocorreu por meio do projeto Refaunar Arvorar, promovido pelo Parque Arvorar, do Beach Park, em colaboração com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis.

Antes da soltura, os periquitos passaram por avaliações realizadas por biólogos, veterinários e zootecnistas, que garantiram a saúde das aves e a adaptação ao novo ambiente.

Como foi a reabilitação?

Por cinco meses, os 18 periquitos ficaram em recintos de aclimatação dentro da reserva, um período crucial para a familiarização com o local. Nesse processo estabeleceram vínculos familiares e fortaleceram a adaptação ao ambiente.

Isso ocorre na tentativa de aumentar consideravelmente as chances de sucesso da reintrodução e da sobrevivência das aves.

A seleção dos indivíduos para a reintrodução na Serra das Almas seguiu critérios adotados na soltura realizada na Serra da Aratanha, em 2022, conforme a Semace.

Entre os requisitos estão:

  • pertença dos animais a grupos familiares de vida livre, o que garante maior coesão social e facilita a adaptação ao novo ambiente.
  • Estarem habituadas ao uso de caixas-ninho, o que facilita o manejo durante o processo de soltura.
  • O treinamento prévio para o uso de comedouros, uma preparação essencial para a aclimatação gradual e bem-sucedida dos indivíduos ao habitat natural.

Além disso, diz a Semace, três periquitos que haviam sido apreendidos pelo Ibama e acolhidos no Parque Arvorar também serão transferidos para a reserva. As aves devem passar por um novo processo de aclimatação antes de serem soltas definitivamente.

Proteção de espécies nativas

Segundo a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) a inciativa está alinhada ao Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga, um projeto do Ministério do Meio Ambiente destinado à proteção de espécies nativas ameaçadas.

A ação contou com a participação do fiscal ambiental, Roberto Cavalcante e da gestora ambiental, Marina Lopes, além de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

 

A Reserva Natural Serra das Almas já havia registrado o retorno de outras espécies como a paca, o tatu-bola e o guariba-da-caatinga.

 

Mas no caso de espécies extintas localmente, como o periquito-cara-suja, as emas e as araras, a Semace destaca que “requerem intervenções diretas, como a reintrodução, para se reintegrarem ao seu habitat original”.

Com informações do Diário do Nordeste.