O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou seu compromisso com o equilíbrio fiscal e voltou a criticar o patamar elevado da taxa de juros no Brasil. A declaração foi dada neste domingo (15), durante entrevista ao programa “Fantástico”, reportada pelo Valor, após receber alta do hospital onde estava internado. Na conversa, Lula também abordou o pacote fiscal enviado ao Congresso, a reforma tributária e a prisão do general da reserva Walter Braga Netto.
“O governo tem o maior compromisso com as contas públicas. Ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que eu. Não é a primeira vez que sou presidente da República. Já governei este país e o entreguei crescendo 7,5%, com a massa salarial mais alta. Quero fazer isso novamente”, afirmou. Ele ainda rebateu críticas do mercado financeiro ao pacote fiscal. “Não é o mercado que tem que se preocupar com os gastos do governo. É o governo. Porque, se eu não controlar os gastos, se eu gastar mais do que eu tenho, quem vai pagar é o povo pobre.”
Lula foi contundente ao criticar a política monetária conduzida pelo Banco Central, em especial o aumento da Selic, que chegou a 12,25% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “A única coisa errada neste país é a taxa de juros, que está acima de 12%. Não há nenhuma explicação para isso. A inflação está em torno de 4%, completamente controlada. A irresponsabilidade está no aumento da taxa de juros, não no governo federal.” Lula ainda alfinetou o Banco Central, que será comandado por Gabriel Galípolo em breve, destacando a necessidade de rever a política atual.
Reforma tributária e equilíbrio fiscal
Sobre a reforma tributária, Lula enfatizou que a proposta não tem como objetivo aumentar a carga de impostos, mas melhorar a arrecadação com as leis já existentes. “Nós não queremos fazer uma reforma para aumentar tributos. Se o Brasil arrecadar corretamente os tributos já estabelecidos, terá recursos suficientes para cuidar de suas prioridades”, explicou.
O presidente também defendeu que o governo está fazendo sua parte para alcançar o equilíbrio fiscal e que agora cabe ao Parlamento aprovar as medidas propostas. “Fizemos aquilo que era possível. O governo já enviou o que precisava, e cabe ao Congresso votar.”
Prisão de Braga Netto e trama golpista
Lula também comentou a prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, sob suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado e obstrução de investigações. “Eu defendo que eles tenham a presunção de inocência que eu não tive. Quero que eles tenham todo o direito de defesa. Mas, se as acusações forem verdadeiras, essa gente precisa ser punida severamente”, afirmou.
O presidente lembrou os momentos difíceis vividos durante sua própria prisão, no âmbito da Lava Jato, e destacou a gravidade dos atos golpistas. “Saber que pessoas que passaram a vida inteira recebendo dinheiro da União para cuidar da soberania nacional estavam travando um golpe neste país é muito triste.”
Com informações do Brasil 247.