Fábrica no Rio Grande do Sul adulterava leite com água oxigenada e soda cáustica, produto químico altamente tóxico e corrosivo. Quatro foram presos: o químico da empresa (conhecido como ‘O Alquimista’), o sócio-proprietário da indústria e dois gerentes. Os produtos da Dielat têm ampla distribuição no Brasil e são vendidos para escolas e outros órgãos públicos
O Ministério Público prendeu quatro pessoas de uma empresa suspeita de adulterar produtos lácteos, no município de Taquara, localizado a aproximadamente 74 quilômetros da capital Porto Alegre, nesta quarta-feira (11).
A operação denominada “Leite Compensado 13” identificou a produção de derivados lácteos com adição de soda cáustica e outros produtos prejudicais à saúde, como água oxigenada, além de “pelos indefinidos” e pontos de sujeira dentro das embalagens.
Conforme o MP, os produtos da Dielat têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela. A empresa já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e a outros órgãos públicos. Entre as marcas alvos da operação comercializadas no Brasil estão: Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall. Na Venezuela, os produtos levam o nome de Tigo.
Segundo o MP, entre os presos estão o químico da empresa, o sócio-proprietário da indústria e dois gerentes. A operação foi realizada em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental, Ministério Público de São Paulo e a Delegacia do Consumidor da Polícia Civil.
Alquimista
Quase 12 anos depois da primeira fase e pouco mais de sete anos após a 12ª etapa, o MP-RS prendeu novamente o químico industrial conhecido entre os fraudadores como o “alquimista” ou o “mago do leite”. Ele já havia sido alvo da quinta fase da operação, em 2014, quando foi descoberta a sua participação na adição de soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada nos produtos de uma indústria em Imigrante, no Vale do Taquari. A Dielat teria contratado o químico para assessorar a produção.
O promotor de Justiça Mauro Rockenbach, da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre comentou a prisão. “Era para ele estar usando tornozeleira eletrônica, era para sair a condenação dele, mas enquanto essas questões básicas não ocorrem, o que ele faz? Adultera leite e pior, aprimora seus mecanismos de ação, já que tem a fórmula exata da quantidade de soda cáustica para uma quantidade exata de litros de leite, fazendo com que os ajustes não sejam detectados nos exames”, ressalta Rockenbach.
Em nota, a empresa Dielat manifestou “surpresa diante da divulgação de infundadas suspeitas sobre a regularidade de sua atuação industrial e dos produtos por ela comercializados”. A companhia interrompeu temporariamente as atividades até o fim das investigações.
Com informações do Pragmatismo Político.