O deputado federal e líder do governo Lula na Câmara, José Nobre Guimarães (PT), comentou as recentes divergências envolvendo a base do governador Elmano de Freitas (PT) – com a iminência de rompimento por parte do senador Cid Gomes (PSB) -, e disse que cabe ao próprio Cid e ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT), sentarem para dialogar e equacionar a situação.
O mal-estar entre Cid e Elmano ocorreu na esteira da indicação de Fernando Santana (PT) para a Presidência da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Cid e aliados disseram que não houve consulta junto à base sobre a escolha do nome, o que ampliou ruídos e gerou críticas a uma eventual concentração de postos de poder sob o guarda-chuva de um único partido.
O PT detém, atualmente, a Presidência da República; o governo do Ceará; passará a comandar a Prefeitura de Fortaleza em 2025 e indicou o único postulante até o momento para comandar a Alece.
Questionado pelo O POVO sobre as críticas, Guimarães rebateu:
“Deixa eu responder essas futricas todas. O PT sempre apoiou, desde 2006; o Cid foi governador por oito anos, o Camilo por oito anos, o Tasso por 20 anos e nunca ninguém questionou porque o governador tem, digamos assim, o direito, discutido com a base, de indicar o presidente da Assembleia. Só o Elmano não tem esse direito? Isso não pode”, disse.
No tocante aos comentários que indicam suposta tentativa de hegemonismo dos petistas, Guimarães negou qualquer atitude nesse sentido. Na sequência, atribuiu a Camilo e Cid o dever de buscar soluções para evitar rompimentos. Declarações ocorreram durante o 1° Encontro Regional de Gestores Eleitos e Reeleitos do Ceará, no Centro de Eventos, em Fortaleza.
“O Tasso não governou por 20 anos, nunca vi ninguém questionar, o Ciro um pedaço, o Cid, o Camilo. O PT quer restabelecer os princípios da aliança que começou em 2006 no Ceará. Não tem nada de hegemonismo. Ora mais, veja só, vou falar uma coisa para vocês aqui, quem tem que sentar à mesa e equacionar a relação é o Camilo e o Cid, que foram os dois que, historicamente, construíram isso. Eles precisam se entender. Tira o PT disso c******, desculpa o termo. O PT não tem nada a ver com isso, estamos trabalhando para retomar a aliança”, pontuou o parlamentar em coletiva.
Em seguida, Guimarães reforçou que, por ele, não haverá racha com Cid e aliados, e incluiu o governador Elmano entre os responsáveis por achar uma solução para os impasses.
“Tem que Camilo, o governador (Elmano) e o Cid conversarem. Cid é parceiro. Não tem sentido essa ameaça constante de rompimento no Ceará, mas vida que segue. Por mim, não terá rompimento, quando tem um problema político você senta e discute; não pode ser assim, ficar brigando dizendo isso e aquilo“, defendeu.
Resposta a críticas e reunião do PT
Guimarães respondeu ainda uma crítica feita pelo presidente do PSB Ceará e pai de Camilo, Eudoro Santana, que defendeu que o PT revisse o comportamento e citou, inclusive, postura do partido durante a eleição de 2024 em que “parecia muito mais uma campanha só o PT, do que um conjunto de partidos”.
Sobre a fala, Guimarães pontuou:
“Aliás, a campanha do Evandro aqui em Fortaleza foi toda dirigida pelo comando da campanha, que tinha o PSB, o PT e outros partidos. Sobretudo pelo Camilo Santana, filho do Eudoro Santana. Botar a culpa no PT num momento desse não é justo com o PT, nem com nossa história”.
Neste sábado, 23, o PT realiza uma reunião do diretório regional.
“Esperamos paz nessa reunião de amanhã no diretório regional do PT. Precisamos de uma resolução amanhã de manhã. Não tem essa coisa de hegemonizar, nós temos o direito. Por que o Elmano foi eleito no primeiro turno? Por que o Evandro foi eleito? Tem tanta gente que fica falando e não participou da campanha. Eu fico chateado, porque não é justo com o PT. Eu mesmo, em todos os momentos que fui chamado, renunciei”, comentou.
E seguiu:
“Quem não lembra disso? Todos os momentos que a gente foi chamado para discutir, eu nunca esqueço. Uma vez fui chamado em 2014, pelo Cid, para discutir nome (para a eleição). Não dava para ser os quatro que estavam postos, para discutir o nome da Izolda e do Camilo. Renunciei, aí tinha uma condição: eu não ser candidato a Senado, não tem problema, porque sempre pesou para mim o projeto. Agora de novo. Então o PT sempre foi generoso e continuará generoso na política aqui do Ceará”.
Com informações de O Povo.