O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é um marco no calendário brasileiro. Não é apenas uma data comemorativa, mas uma oportunidade para refletirmos sobre o legado da escravidão, a luta de Zumbi dos Palmares e, principalmente, o racismo estrutural que ainda permeia a sociedade brasileira.
Racismo Estrutural: O que é e como se manifesta
O conceito de racismo estrutural se refere a um sistema de desigualdade que se perpetua em todas as camadas sociais, incluindo as esferas econômica, política, social e cultural. Esse sistema, que opera há séculos, coloca barreiras invisíveis e visíveis ao avanço da população negra. O racismo estrutural não se limita a atitudes individuais; é sustentado por instituições e políticas que historicamente excluem, silenciam e marginalizam as pessoas negras.
Desde o fim da escravidão no Brasil em 1888, houve poucas ações significativas para reparar os danos causados por séculos de exploração. Após a abolição, o Estado brasileiro praticamente abandonou a população negra, sem políticas de integração social ou programas de redistribuição de terras. Esse abandono resultou na formação de favelas e periferias, onde a maioria da população negra foi empurrada a viver em condições precárias. O racismo estrutural perpetua a exclusão dessa população, restringindo seu acesso a educação, saúde, segurança e oportunidades de emprego.
Desdobramentos Históricos e Seus Efeitos na Atualidade
A ausência de políticas pós-abolição favoreceu a importação de mão de obra europeia, uma decisão que carregava implícito o desejo de “branquear” a população brasileira e apagar traços da ancestralidade africana. Essa estratégia de branqueamento não foi apenas um descaso; foi uma prática de violência simbólica contra a população negra, que perdeu oportunidades e foi estigmatizada. Essa escolha histórica, ainda hoje, tem impacto direto no racismo estrutural.
Nas escolas, a história da população negra foi durante muito tempo suprimida, com pouco destaque para os heróis negros e para o papel central das culturas africanas e afro-brasileiras na formação da nossa identidade. Essa invisibilização é uma forma de perpetuação do racismo estrutural, pois gera desinformação e reforça estereótipos negativos sobre a população negra.
Impacto nas Estruturas Contemporâneas
Atualmente, os efeitos do racismo estrutural podem ser observados em dados alarmantes. A população negra é maioria entre os brasileiros mais pobres e, em contrapartida, minoria em cargos de liderança e poder. Nas empresas, o número de negros em cargos de chefia é limitado, e o rendimento médio da população negra é consideravelmente inferior ao da população branca. Além disso, a violência policial afeta desproporcionalmente os jovens negros, que representam a maioria das vítimas de homicídio no país.
A Luta pelo Reconhecimento e a Resistência
Nas últimas décadas, o movimento negro tem sido uma força de resistência e combate ao racismo estrutural. Desde o fortalecimento de entidades como o Movimento Negro Unificado, até as ações afirmativas nas universidades, conquistadas pela pressão social, há um crescente esforço para corrigir séculos de exclusão. As cotas raciais, as leis que incluem o ensino da história afro-brasileira e africana e a valorização das religiões de matriz africana representam passos significativos na direção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Consciência Negra e o Futuro: Construindo uma Nova Realidade
A Semana da Consciência Negra é um convite a todos nós para refletirmos sobre nossas próprias práticas e o papel que cada um desempenha na luta contra o racismo. A transformação requer esforço coletivo, desde a desconstrução de preconceitos no ambiente familiar até o combate ao racismo nas instituições e nas políticas públicas.
O racismo estrutural no Brasil é uma herança que demanda enfrentamento direto e ações concretas. O reconhecimento e a valorização da contribuição da população negra à sociedade brasileira são passos essenciais para superar essa realidade. A Semana da Consciência Negra é, portanto, uma oportunidade para que cada um de nós compreenda a profundidade dessa luta e se posicione contra um sistema que há séculos perpetua a desigualdade.
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