Morreu há pouco no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o fotógrafo Evandro Teixeira, um dos mais importantes fotojornalistas brasileiros de todos os tempos. Teixeira tinha mais de 70 anos de carreira e deixa uma obra na qual registrou momentos históricos do Brasil e do mundo, com destaque para a ditadura militar brasileira, e documentou questões sociais, cultura popular, entretenimento e esporte.
A maior parte de sua carreira foi no Jornal do Brasil, onde passou 47 anos. Integrou uma exposição da Leica, em Nova York, ao lado de nomes como Cartier-Bresson e Robert Capa. No entanto, ele tinha no brasileiro José Medeiros (1921-1990) sua maior referência. Foi com o fotógrafo da revista Cruzeiro com quem fez um curso de fotografia por correspondência.
Com mais de 150 mil fotos, seu acervo reúne imagens icônicas de Pelé e Ayrton Senna, cobertura sobre a fome e a pobreza no país, bem como do Carnaval e de festas populares. Teixeira também tem uma produção autoral importante, com destaque para um projeto sobre Canudos. Suas obras integram coleções de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). O acervo completo está no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.
É de Evandro Teixeira um dos registros mais emblemáticos do início do regime militar, a fotografia “Tomada do Forte de Copacabana” (1964) capturada em meio ao golpe (foto de destaque). Também é dele “Passeata dos Cem Mil”, registro da maior manifestação nos anos 1960 contra a ditadura no Rio de Janeiro. Décadas depois, ele faria um livro no qual foi em busca dos rostos por ele capturados nessa foto, com o objetivo de contar as histórias de quem foi às ruas naquele dia.
Em 1973, viajou ao Chile para cobrir o golpe militar de Augusto Pinochet. Nesse período, cobriu o funeral de Pablo Neruda, fazendo no enterro outra de suas imagens célebres.
Além do livro sobre 1968, Teixeira tem outras publicações, incluindo “Fotojornalismo” (1983) e “Canudos: 100 anos” (1997).
Evandro Teixeira nasceu em 25 de dezembro de 1935 em Irajuba, na Bahia, na época um pequeno povoado a 307 quilômetros de Salvador.