12 de novembro de 2024
Evandro Teixeira, mestre do fotojornalismo, morre aos 88

Reprodução/New Mag

Morreu há pouco no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o fotógrafo Evandro Teixeira, um dos mais importantes fotojornalistas brasileiros de todos os tempos. Teixeira tinha mais de 70 anos de carreira e deixa uma obra na qual registrou momentos históricos do Brasil e do mundo, com destaque para a ditadura militar brasileira, e documentou questões sociais, cultura popular, entretenimento e esporte.

A maior parte de sua carreira foi no Jornal do Brasil, onde passou 47 anos. Integrou uma exposição da Leica, em Nova York, ao lado de nomes como Cartier-Bresson e Robert Capa. No entanto, ele tinha no brasileiro José Medeiros (1921-1990) sua maior referência. Foi com o fotógrafo da revista Cruzeiro com quem fez um curso de fotografia por correspondência.

Com mais de 150 mil fotos, seu acervo reúne imagens icônicas de Pelé e Ayrton Senna, cobertura sobre a fome e a pobreza no país, bem como do Carnaval e de festas populares. Teixeira também tem uma produção autoral importante, com destaque para um projeto sobre Canudos. Suas obras integram coleções de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). O acervo completo está no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.

É de Evandro Teixeira um dos registros mais emblemáticos do início do regime militar, a fotografia “Tomada do Forte de Copacabana” (1964) capturada em meio ao golpe (foto de destaque). Também é dele “Passeata dos Cem Mil”, registro da maior manifestação nos anos 1960 contra a ditadura no Rio de Janeiro. Décadas depois, ele faria um livro no qual foi em busca dos rostos por ele capturados nessa foto, com o objetivo de contar as histórias de quem foi às ruas naquele dia.

10 imagens

Registro da passeata dos Cem Mil, em 1968, no Rio de Janeiro / Evandro Teixeira

Foto de Ayrton Senna, antes do Grande Prêmio do Brasil, em 1989 / Evandro Teixeira
Tomada do Forte de Copacabana, em 1º de abril de 1964 / Evandro Teixeira
Repressão policial durante a manifestação após a morte do estudante Edson Luís, assassinado durante protesto Rio de Janeiro contra a Ditadura, em 1964 / Evandro Teixeira
O fotojornalista Evandro Teixeira, que morreu nesta segunda-feira (4/11/2024) / Arquivo Pessoal

Em 1973, viajou ao Chile para cobrir o golpe militar de Augusto Pinochet. Nesse período, cobriu o funeral de Pablo Neruda, fazendo no enterro outra de suas imagens célebres.

Além do livro sobre 1968, Teixeira tem outras publicações, incluindo “Fotojornalismo” (1983) e “Canudos: 100 anos” (1997).

Evandro Teixeira nasceu em 25 de dezembro de 1935 em Irajuba, na Bahia, na época um pequeno povoado a 307 quilômetros de Salvador.

Evandro Teixeira morreu às 16h40 na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, por falência múltipla dos órgãos, em decorrência de complicações de pneumonia. Foi internado após voltar do evento de fotografia Paraty em Foco. Teixeira deixa a esposa, Marly Caldas, duas filhas, Carina e Adryana, e três netas, Carina, Nina e Manoela.
Com informações de Metrópoles.

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