21 de novembro de 2024
Roberto Cláudio enfrenta críticas após apoiar André Fernandes nas eleições de Fortaleza

Foto: José Leomar

Logo após o primeiro turno das eleições municipais em Fortaleza, o ex-prefeito Roberto Cláudio apequenou sua biografia tornando-se o fútil, desnecessário e infecundo médico sanitarista apoiador de um negacionista de vacinas e violador de normas de segurança sanitária. Com isso, a eleição de domingo ainda não tem um vencedor, mas Roberto Cláudio já é, independente do resultado, o maior derrotado.

E, por favor, leia-me com atenção. Aqui não está em discussão se você aplaude ou reprova esse apoio, se vota em André ou em Evandro. Aqui o tema é a utilidade.

Roberto Claúdio era o prefeito de Fortaleza quando o estádio Presidente Vargas foi transformado em hospital de campanha em meio à crise pandêmica da Covid-19, quando as UPAs estavam superlotadas, quando foi necessário administrar a falta de luvas, máscaras, leitos, respiradores. Quando foram necessárias regras de isolamento social. Era o nosso prefeito enquanto, sem velórios e ritos fúnebres, perdemos os nossos primeiros amigos e parentes. E André Fernandes, onde estava? Estava violando normas de segurança sanitária, espalhando fake news, estimulando a invasão de unidades de saúde. Como pode ser útil, agora, esse voto em André Fernandes?

Entendo o argumento. Ele não vota em André por sua postura durante a pandemia, mas sim porque considera que a fórmula do PT já deu errado em Fortaleza e está destruindo o Ceará. Mas nesse caso, como pode ser útil o voto em quem estimulou o golpismo de 08 de janeiro, considera Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina, cono a pessoa mais experiente para a área da saúde; Capitão Wagner, e turma que estimulou os motins e a partidarização das polícias, como os mais experientes em segurança púbica? Como isto pode ser administrativamente útil? É útil a quê ou a quem?

Mas, vamos lá, o objetivo é derrotar o PT, e por isso, Roberto Cláudio, que administrou a cidade por 08 anos e foi o principal cabo eleitoral de Sarto, o prefeito que atualmente administra a cidade, declara voto no candidato que prega… mudança! Ora, é uma obviedade que quem vota em André é opositor à Roberto Cláudio, Sarto, e à administração municipal.

O apoio de Roberto Cláudio fragiliza o discurso de André de que ele é o candidato da mudança, o candidato contrário à quem administrou a cidade nas últimas décadas, o candidato que não tem o apoio dos políticos tradicionais. Roberto Cláudio não ganha o voto dos bolsonaristas, não ganha espaço em uma futura administração, não agrega capital político à André. Cego e amargurado, rebaixa sua biografia e apequena sua trajetória política, sem ganhar para si nenhuma relevância ou voto para 2026, e sem entregar a André nada que ele já não conseguisse sem seu apoio. É a perfeita definição do inútil.

No primeiro turno, Sarto e Roberto Cláudio perderam a eleição. Perdem, agora, o que lhes restava de dignidade política. Perdem porque movidos por vingança renunciam a seu legado administrativo, colocam em risco a institucionalidade e as políticas públicas de Fortaleza. O tal “voto útil” os torna inúteis para a defesa do interesse público e da democracia.

Fernando Antônio Castelo Branco Sales Júnior
fernando.castelobranco@urca.br
Professor da Universidade Regional do Cariri – URCA