14 de novembro de 2024
Chiquinho Brazão acusa Ronnie Lessa de proteger alguém ao apontá-lo como mandante do assassinato de Marielle

Foto: Reprodução

Brazão, que está preso preventivamente desde março devido à acusação, afirmou que não se recorda de ter tido qualquer contato com Lessa.

O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), declarou nesta segunda-feira (21) que o ex-PM Ronnie Lessa, réu confesso pelo crime, está tentando proteger outra pessoa com sua delação premiada. Brazão, que está preso preventivamente desde março devido à acusação, afirmou que não se recorda de ter tido qualquer contato com Lessa.

Durante uma audiência realizada de forma virtual no âmbito da ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado negou qualquer participação no assassinato de Marielle Franco, classificando o crime como uma “maldade”. Ele ressaltou que Marielle era uma pessoa respeitosa, carinhosa e afável.

Brazão também refutou as alegações contidas na delação de Lessa, afirmando: “Nada ali [na delação de Lessa] é verdade. Jamais esperava estar nesta situação, porque não tenho envolvimento com isso. Fiquei tranquilo quando surgiram as primeiras informações sobre a delação”.

Ao ser questionado pelo desembargador Airton Vieira, responsável por conduzir as audiências no STF, sobre o motivo pelo qual acredita ter sido acusado por Lessa, Brazão sugeriu que o ex-PM está tentando proteger outra pessoa com suas declarações.

“Gostaria eu de ter uma resposta específica. Mas não faço ideia. A não ser pensando que, no caso, essa delação está protegendo alguém”, disse ele, em audiência virtual no STF.

O réu não mencionou quem estaria sendo protegido. A defesa, ao longo das audiências, vem explorando as suspeitas da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o ex-vereador Cristiano Girão durante as investigações do caso.

Chiquinho é acusado de, junto com o irmão, Domingos Brazão (conselheiro do TCE-RJ), encomendar a morte da vereadora. O delegado Rivaldo Barbosa, à época chefe da Polícia Civil, é acusado de ter auxiliado no planejamento do crime, assim como outros dois policiais militares.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o crime foi encomendado após um acúmulo de divergências políticas entre os irmãos Brazão e o PSOL. Marielle, segundo as investigações, atuou para dificultar a exploração de terrenos ilegais da família.

Os cinco foram acusados com base na delação do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora. Ele apontou os cinco réus como envolvidos no crime. Como a Folha mostrou, trechos centrais do relato do colaborador não contaram com provas de corroboração.

Chiquinho disse não se lembrar de ter tido qualquer contato com Lessa.

“Poderia não me lembrar dele. São muitas as pessoas que chegam próximo e pedem para tirar uma foto. No momento político as pessoas chegam e tiram uma foto. Mas tenho certeza de que eu não tenho qualquer lida com ele”, afirmou o deputado.

O deputado confirmou ter tido contato com Edmilson de Oliveira, o Macalé, ex-PM assassinado em 2021 e apontado por Lessa como intermediário da contratação do assassinato. Chiquinho disse, porém, que a última vez que esteve com ele foi em 2008, durante a campanha eleitoral.

Lessa afirmou em sua delação que conheceu Chiquinho Brazão num ponto de encontro de criadores de pássaros no qual bebiam e jogavam sinuca no início dos anos 2000, na zona oeste do Rio de Janeiro. Macalé teria sido o ponto de contato dos dois.

O deputado disse que foi ao local quatro vezes, duas das quais encontrou Macalé. Ele afirmou, porém, não se recordar da presença de Lessa no local.

Chiquinho disse que mantinha boa relação com toda a bancada de esquerda da Câmara Municipal no Rio de Janeiro. “A Marielle me procurava sempre. A gente batia muito papo. Nossa relação era muito boa”.

Com informações da Folha de S. Paulo.