A Defesa Civil de São Paulo vem emitindo alertas sobre a carência de pessoal para responder a situações de emergência, especialmente após o horário comercial, conforme demonstrado pelo vendaval que atingiu a capital no último dia 11 de outubro. O fenômeno meteorológico causou a queda de ao menos 380 árvores e deixou mais de 1,3 milhão de pessoas sem energia elétrica.
Em uma reunião realizada na manhã da sexta-feira (11), o coordenador da Defesa Civil, Ailton Rodrigues de Oliveira, reiterou a necessidade de revisão dos contratos que limitam a atuação das equipes de manejo arbóreo ao horário comercial.
“Com o nosso pessoal em campo e mais o pessoal do DZU (Departamento de Zeladoria Urbana) e ainda os Bombeiros, não é o suficiente. Todos os anos a gente bate na mesma tecla de que temos que rever esses contratos, mas até agora nada foi mudado”, declarou Oliveira.
A Prefeitura de São Paulo, ao ser procurada, informou que as operações de emergência, como poda e remoção de árvores, são realizadas a qualquer momento, inclusive em finais de semana e feriados, com um esquema de plantão para eventos climáticos severos. A gestão de Ricardo Nunes (MDB) refutou as alegações de Oliveira, afirmando que não existem dados concretos para apoiar suas afirmações.
Durante a reunião do Plano Preventivo de Chuvas de Verão (PPCV), Oliveira destacou que as contratações de equipes de manejo arbóreo, que deveriam atuar após o horário comercial, são uma pendência que precisa ser resolvida para o próximo verão. Em março, apenas 144 equipes estavam disponíveis na cidade, e os contratos permitiam sua atuação apenas até às 16h.
“Normalmente, nos contratos da subprefeitura o pessoal trabalha até às 16h, mas nós sabemos que durante as chuvas de verão as coisas acontecem após 16h. Não é que não tenha equipes. As equipes do DZU fazem o possível e impossível para atender a demanda, mas, mesmo assim, não é o suficiente, porque por vezes nós temos muitas ocorrências”, explicou Oliveira.
Árvore caída devido ao temporal em São Paulo. Foto: Divulgação
Dados da Defesa Civil indicam que o pico de ligações para o número de emergência 199 ocorre entre 17h e 18h, período em que a maior parte das ocorrências está relacionada ao corte de árvores. Oliveira questionou a eficácia do esquema atual, afirmando que as equipes encerram suas atividades antes que a maioria dos problemas emergentes seja resolvida.
Após o vendaval do dia 11, a subprefeitura do Ipiranga confirmou, em ofício, a falta de efetivo e equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários para lidar com as ocorrências. Desde então, foram registradas 32 quedas de árvore apenas naquela região, as quais foram encaminhadas para a Unidade de Áreas Verdes da Subprefeitura.
Em resposta aos questionamentos da Folha, a Prefeitura anunciou a abertura de um processo de compra de EPIs, como capacetes e protetores, e recentemente realizou um pregão eletrônico para aquisição de botas e uniformes para as equipes. A última compra significativa de uniformes ocorreu em 2019.
Em nota, a gestão de Ricardo Nunes assegurou que todos os agentes da Defesa Civil possuem equipamentos de proteção individual adequados para o atendimento das ocorrências, incluindo capacetes de policarbonato, luvas de couro, botas apropriadas e aparelhagem de motosserra.
Com informações do Diário do Centro do Mundo.