Programa Ceará Sem Fome comemora seu primeiro ano de atividades e mais um Dia Mundial da Alimentação prezando pela alimentação saudável e balanceada de seus mais de 390 mil beneficiários
No dia 17 de fevereiro de 2023, quando foi criado oficialmente, o programa Ceará Sem Fome do Governo do Estado adotou como pilar a segurança alimentar do povo cearense e o foco em ações emergenciais de combate à fome no estado. Nesses quase dois anos, o aprimoramento dessas ações pôde ser visto por meio das frentes representadas pelas mais de 1.300 cozinhas do programa em funcionamento, bem como por meio dos R$ 300 que é disponibilizado, mensalmente, a mais de 53 mil famílias que atualmente recebem o Cartão Ceará Sem Fome. Mas o trabalho não para, muito pelo contrário, fica mais complexo e ambicioso: matar além da fome.
Neste dia 16 de outubro, data que foi escolhida em homenagem ao dia da criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 1981, o Ceará Sem Fome celebra uma era de mais qualificação e renda, mais saúde e mais segurança alimentar. E, para que isso se torne uma realidade palpável, um time de profissionais e técnicos se reúne mensalmente em um Grupo de Trabalho para discutir os alimentos que vão parar nos cardápios das cozinhas. O nome do grupo é intuitivo, chama-se “Alimento Seguro”.
Isadora Meneses, nutricionista e coordenadora do Setor de Nutrição e Alimentação do programa, é uma das integrantes desse grupo e detalha o que é discutido nas reuniões mensais. “Nós trabalhamos a segurança alimentar de uma forma que promova a saúde e previna doenças. A alimentação do programa, a quentinha do programa, não tem nenhum ultraprocessado, por exemplo”, explica. Todo o cardápio é proposto tendo como base o Guia Alimentar para a População Brasileira, que é um documento do Ministério da Saúde.
A profissional argumenta que, dentro desse conceito de segurança alimentar, outras preocupações são englobadas. “Ela (segurança alimentar) não se preocupa só com matar a fome, mas com quais são os fatores que estão envolvidos fazendo com que as pessoas não tenham uma alimentação saudável e adequada, tanto na parte de nutrientes, quanto na parte de quantidade”, diz. Daí entram fatores nutricionais, econômicos, sociais e até mesmo psicológicos.
Fonte: Governo do Estado do Ceará
Alimentação e saúde mental têm tudo a ver
Rayanne Lira, psicóloga do espaço saúde da Secretaria da Proteção Social. (Foto: George Braga)
Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um relatório mundial de saúde mental que apontava quase um bilhão de pessoas vivendo com transtornos mentais. Dentre os motivos para o desenvolvimento desses transtornos, estavam desnutrição e as doenças intestinais.
“Nós, enquanto psicólogos, pensamos muito em como o alimento está aí para preencher algum tipo de vazio e de como as pessoas se alimentam de forma ansiosa”, fala Rayanne Lira, psicóloga do espaço saúde da Secretaria da Proteção Social (SPS-CE). Segundo a profissional, às vezes a alimentação está diretamente ligada a um prazer imediato, sendo necessária uma atenção a mais para o relacionamento de uma pessoa com a comida e de como essa comida pode se tornar uma busca para saciar algum tipo de falta fisiológica.
Nesse sentido, políticas públicas como o Ceará Sem Fome fazem uma frente importante no combate não apenas da fome. “Não tem como a gente incorporar tipos de alimentos saudáveis ou falar como a pessoa deve se relacionar com a comida de forma saudável se ela não tem acesso à alimentação básica”, afirma Lira.
E de alimentação, a dona Jacinta Carvalho entende bem. Cozinheira voluntária da Associação Movimento de Mulheres Empreendedoras de Maracanaú, onde funciona uma Cozinha Ceará Sem Fome, ela conta que até seus próprios hábitos alimentares se tornaram mais saudáveis depois do início do voluntariado. Sua semana começa cedinho, às 6 horas ela toma seu café da manhã reforçado, com café, pão carioquinha, ovos, cuscuz e tapioca. “Normalmente às 9 horas eu como uma fruta, uma goiaba, sabe? Ou uma maçã, uma banana. E o meu almoço, particularmente, eu gosto. Eu como feijão, arroz, frango e, na maioria das vezes, eu não como fritura”, detalha.