3 de dezembro de 2024
As Escolas do Campo se destacam no CEARÁ NO CIENTÍFICO 2024

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE) campus da cidade de Canindé (CE), recebeu na última sexta-feira (10/1024), a etapa regional do Ceará Científico 2024. O evento é uma realização da Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará (SEDUC),  coordenado pela  7ª CREDE 07 – Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação, na qual contou com a participação de diversas escolas da rede estadual de ensino de Canindé – Ceará.

A participação da  Escola de Educação do Campo Filha da Luta Patativa do Assaré de Canindé (CE), no magnífico evento “Ceará Científico 2024”  permitiu ampliar o debate sobre a importância que a Educação do Campo tem para com a população camponesa. Visando ampliar as informações da colunista do Jornal Leia Sempre Brasil / cotidiano, assinado pela educadora Marcela Carneiro, comunicamos que o feito inédito para as escolas do campo que obtiveram boas colocações na etapa regional do Ceará científico em Canindé (CE).

Os diversos projetos das escolas do campo submetidos às bancas avaliadoras na etapa regional Canindé destacaremos o trabalho sobre o papel da matemática no cotidiano, aproximando o conhecimento acadêmico da vida real. “Esse projeto é importante porque destaca uma matemática viva, que está fora dos livros, mas faz parte do dia a dia de muitas mulheres que são responsáveis pelo sustento de suas famílias”, comenta Vanessa.

A pesquisa, desenvolvida com base em entrevistas e análises de campo, demonstrou que, em situações de dificuldade econômica, as provedoras do lar recorrem à matemática para tomar decisões estratégicas que envolvem desde a compra de alimentos até o pagamento de dívidas. A capacidade de calcular rapidamente o que deve ser priorizado, ou como distribuir as despesas ao longo do mês, é uma habilidade comum entre essas mulheres, que muitas vezes são as principais responsáveis pelo orçamento doméstico. Além de reconhecer o valor dessas provedoras, o projeto também abre espaço para pensar em formas de apoiar e potencializar suas habilidades.

“Nossa ideia é sugerir ferramentas simples que possam ajudar essas mulheres no dia a dia, como aplicativos de celular ou oficinas de matemática aplicada para a economia doméstica”, explica a professora. O projeto “A Matemática das Provedoras do Lar” é mais do que uma pesquisa acadêmica; é uma celebração das habilidades de gestão que tantas mulheres exercem cotidianamente.

A iniciativa promete trazer uma nova perspectiva para o ensino da matemática e sua relevância para a vida prática. A participação no Ceará Científico, que visa fomentar o interesse pela ciência entre estudantes e educadores, reforça a importância de abordar questões sociais e culturais de forma interdisciplinar. Ao unir matemática e cotidiano, o projeto dá visibilidade às mulheres provedoras, mostrando que a ciência e a educação podem – e devem – dialogar com as vivências concretas da população. O resultado dessa pesquisa será apresentado na etapa estadual do evento, onde espera-se que o tema gera ainda mais reflexões e possíveis desdobramentos na criação de políticas públicas e iniciativas de apoio às provedoras do lar. Essa matéria destaca a relevância do projeto no contexto educacional e social do Ceará, valorizando a aplicação prática da matemática no cotidiano familiar e reforçando o impacto das provedoras do lar na economia doméstica.

Um outro Projeto de destaque foi as “Mulheres na Fitoterapia” traz à tona uma rica tradição popular: o uso de plantas medicinais como alternativa terapêutica. Coordenado por Viviane Bezerra professora da Escola de Educação do Campo Filha da Luta Patativa do Assaré, o projeto busca valorizar o conhecimento das mulheres sobre fitoterapia, uma prática secular que envolve a utilização de ervas e plantas para tratamentos de saúde. O projeto é inspirado na sabedoria ancestral das mulheres das zonas rurais do Ceará, que há gerações utilizam plantas medicinais no cuidado com suas famílias e comunidades. “Muitas dessas mulheres, mesmo sem formação acadêmica em saúde, têm um vasto conhecimento sobre as propriedades das plantas e como usá-las de forma terapêutica”, explica Vanessa.

O projeto não apenas preserva essa sabedoria popular, mas também incentiva a troca de experiências entre gerações, unindo a tradição com os saberes científicos contemporâneos. Por meio de oficinas e entrevistas, o “Mulheres na Fitoterapia” destaca o papel das mulheres na preservação da biodiversidade local e no cuidado com a saúde de suas famílias, promovendo uma visão sustentável e natural do bem-estar. O Uso Científico das Plantas Medicinais Durante o desenvolvimento do projeto, as participantes foram incentivadas a identificar as plantas nativas da região, descrevendo suas propriedades curativas e formas de utilização. O conhecimento tradicional foi complementado com pesquisas científicas sobre os princípios ativos dessas plantas e sua eficácia comprovada no tratamento de diversas condições de saúde, como dores, inflamações e distúrbios digestivos.

Um dos aspectos mais interessantes do projeto foi a criação de um pequeno catálogo de plantas medicinais locais, como a erva-cidreira, o boldo e o alecrim, que são amplamente usadas pelas mulheres da comunidade. Esse material serve como recurso educativo para os participantes e para a comunidade em geral, promovendo a conscientização sobre o uso sustentável dessas plantas e a preservação do conhecimento tradicional. O “Mulheres na Fitoterapia” não é apenas um projeto científico; ele também é uma iniciativa de empoderamento. Ao reconhecer o protagonismo das mulheres nas práticas fitoterápicas, o projeto promove o fortalecimento de sua autoestima e o reconhecimento de seu papel como guardiãs da saúde e da biodiversidade. Além disso, o projeto abre espaço para debates sobre a valorização da medicina alternativa e da preservação ambiental, levantando questões sobre o uso sustentável das plantas medicinais e o impacto da modernidade na perda desses conhecimentos. “A fitoterapia é uma ciência viva, e essas mulheres são as verdadeiras especialistas em cuidar da saúde de forma natural e eficaz”, afirma Marcela.

A participação no Ceará Científico não apenas oferece uma plataforma para a divulgação desse conhecimento, mas também promove a interação entre diferentes áreas do saber, como biologia, medicina e ciências sociais. O projeto “Mulheres na Fitoterapia” reforça a importância da interdisciplinaridade, conectando o saber tradicional com a pesquisa científica, e aponta para a necessidade de integrar mais essa prática no sistema de saúde. Ao final do projeto, espera-se que os resultados gerem um impacto positivo na comunidade, fortalecendo o uso consciente das plantas medicinais e inspirando políticas de incentivo ao uso sustentável dos recursos naturais do Ceará.  Esse projeto resgata o valor das práticas tradicionais e oferece uma nova visão sobre o papel da ciência na preservação e valorização dos saberes populares. A iniciativa reafirma o papel das mulheres como guardiãs da sabedoria ancestral e promotoras de soluções sustentáveis para a saúde e o bem-estar.

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