24 de novembro de 2024
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Maria Cintia Soares (51), residente de Morada Nova, notou um nódulo suspeito na mama, que foi identificado também em uma ultrassonografia. “Eu fui para o médico do postinho, que solicitou uma mamografia. Depois eu fui encaminhada para a cidade de Russas, onde a médica seguiu com os trâmites para biópsia, que acusou um tumor maligno”, conta.

Com o resultado, ela foi encaminhada para fazer tratamento no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em Limoeiro do Norte. “Estou sendo acompanhada aqui e está sendo ótimo, porque é perto de casa. Até o momento eu já fiz quatro sessões de quimioterapia vermelha e se iniciou hoje a primeira sessão branca, de um total de 12. Após finalizar, eu farei a cirurgia”, relata Cintia.

Dos cerca de 2,4 mil atendimentos realizados no setor de oncologia do HRVJ este ano, 300 são de pacientes com câncer de mama, o que representa 12,5% do total. Atualmente há 272 pessoas em tratamento na unidade, que foi a primeira no estado a ser implantada em um hospital público geral. O serviço atende pelo menos 20 municípios da região.

O médico oncologista do HRVJ, Bruno Águila, lembra que este número reflete não apenas a capacidade e a dedicação da equipe médica, mas também a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Segundo Águila, cada atendimento significa uma vida impactada, uma história de coragem e resiliência.

“Para os 272 pacientes que ainda estão em tratamento, minha mensagem é de esperança e força. Continuem acreditando na recuperação, apoiem-se umas nas outras e confiem na equipe médica que está ao seu lado. A luta contra o câncer de mama é desafiadora, mas com determinação e apoio, é possível vencer. Lembrem-se sempre: cada dia de tratamento é um passo a mais rumo à cura. Estamos todos torcendo por vocês”, destaca Bruno.

Nova realidade e melhores condições para quem mora no interior

Assim como Cíntia, a agricultora de Arneiroz, Maria da Paz Leite Mota, descobriu um nódulo no seu seio. “Não doía, era meio duro. Aí, fiz um ultrassom, pediram a biópsia e confirmaram que era câncer”, conta Maria. O município dela é um dos 20 da região atendidos pelo Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Rede Sesa em Quixeramobim. Para ela, a praticidade de se deslocar em pouco mais de duas horas é fundamental.

“Se eu tivesse que viajar da minha cidade para Fortaleza, tinha que sair de lá onze horas da noite anterior, é muito cansativo. Fazer aqui é melhor”, afirma Maria da Paz, que já está na terceira sessão de quimioterapia e retorna a cada 21 dias, sempre acompanhada pelo esposo, Olivardo Lima de Sousa.

A estratégia de regionalizar o serviço tem sido divisora de águas para quem necessita do tratamento no interior do Ceará, garantindo o atendimento sem a necessidade de deslocamentos até grandes centros, ajudando a reduzir o desgaste físico e emocional dos pacientes.

Desde que foi entregue pelo Governo do Ceará, no último dia 15 de julho, o serviço de oncologia do HRSC já realizou 606 consultas ambulatoriais e 489 sessões de quimioterapia. 270 cirurgias oncológicas já foram feitas no período.

Leonardo Oliveira, médico coordenador do serviço de oncologia do HRSC, ressalta o reflexo dessa facilidade para a população do Sertão Central. “A gente consegue percebe a alegria dos pacientes por poder fazerem o tratamento aqui. Agora, estamos conseguindo antecipar os tratamentos e proporcionar mais chances de cura”, explica.

No trajeto de sua casa até o HRSC, Maria da Paz é permeada pela fé e o sonho que tem, junto do esposo, de um dia poder ouvir soar o “sino da esperança”. O objeto é tocado, simbolicamente, pelo paciente que finaliza o tratamento e recebe o diagnóstico de remissão do câncer. “Toda vida que venho fico vendo o sino e fico imaginando que logo, logo vou ser eu quem vai tocar. A gente não pode baixar a cabeça, tenho fé em Deus que ficarei boa”, diz.

Mamografias detectam tumores impalpáveis

Apesar de ainda ser importante tocar e conhecer o corpo para observar qualquer mudança na fisiologia dele, o acompanhamento médico e a rotina periódica de realização de exames indicados ainda são as formas mais eficazes de identificar o câncer de mama. A mamografia, recomendada a partir dos 50 anos (ou quando houver indicação médica), é fundamental na descoberta de tumores não palpáveis, permitindo tratamento em tempo hábil e menos invasivo. Quanto mais cedo se começa um tratamento, maiores são as chances de cura.

O caminho para o exame começa na consulta de rotina nos postos de saúde, onde o profissional de saúde solicita a mamografia de rastreamento. O município, através de sua Secretaria da Saúde, regula e agenda para a Policlínica Estadual de referência. Após realizar o exame, o paciente retorna ao município para continuidade de seu rastreamento, conforme o resultado, ou é encaminhada para o mastologista da própria policlínica.

Neste mês de outubro, estão disponíveis mais de 17 mil mamografias nas 22 policlínicas distribuídas em todo o estado. Essas unidades disponibilizam ainda consultas com mastologistas, realização de ultrassonografias mamárias e biópsias. Caso necessário, as pacientes são encaminhadas para os hospitais.