O coronel Ricardo Mello Araújo, candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Ricardo Nunes (MDB), foi alvo de ao menos oito investigações por homicídio enquanto atuava na Polícia Militar de São Paulo. As informações foram obtidas pelo jornal Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
A campanha do candidato à reeleição defendeu o vice, afirmando que todos os casos foram arquivados ainda na fase de investigação pela Justiça. Segundo a equipe de Mello Araújo, não houve irregularidades em suas ações.
Trajetória de Mello Araújo e investigações
Mello Araújo foi comandante da tropa de elite Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), e, em 2020, foi nomeado por Jair Bolsonaro (PL) como diretor-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), o maior entreposto de alimentos da América do Sul. Neste ano, ele foi escolhido pelo ex-presidente como vice de Nunes para a reeleição.
Entre 1992 e 2006, o coronel enfrentou oito inquéritos policiais militares (IPM) relacionados ao artigo 205 do Código Penal Militar, que trata de homicídio simples, cuja pena varia de seis a 20 anos de prisão. Em todos os casos, a Polícia Militar encontrou indícios de crime militar e encaminhou os inquéritos à Justiça Militar Estadual.
Detalhes dos casos
O primeiro caso ocorreu em 27 de novembro de 1992, e incluía outros dois policiais. O segundo, em 14 de janeiro de 1993, não listava Mello Araújo como indiciado. Detalhes sobre as supostas vítimas e as circunstâncias dos crimes não estão disponíveis, e a Polícia Militar informou que não possui mais os documentos dos processos.
A Justiça Militar arquivou três dos oito processos, e os outros cinco foram enviados ao Tribunal do Júri, na Justiça comum, entre 2002 e 2007. Esse tribunal é responsável por julgar crimes dolosos contra a vida.
Defesa de Mello Araújo
A campanha de Nunes não negou as investigações, mas destacou que todas foram arquivadas sem que houvesse processo judicial, sempre a pedido do Ministério Público, que não encontrou ilegalidades nas ações de Mello Araújo. O coronel, segundo a campanha, “sempre agiu no estrito cumprimento do dever”.
“O coronel esteve na ativa da PM durante 32 anos, período em que construiu a reputação de policial exemplar e incorruptível. Passou quase todo esse tempo na área operacional, combatendo o crime nas ruas e defendendo os cidadãos de São Paulo. Enfrentou bandidos, correu riscos cotidianos e sempre esteve do lado da lei. Mello Araújo chegou a ser gravemente baleado e recebeu da PM a medalha Cruz de Sangue, concedida a policiais feridos no exercício de sua atividade”, completou a nota.
Questão de sigilo e divulgação de dados
Inicialmente, a Polícia Militar havia imposto sigilo de 100 anos sobre as investigações, alegando tratar-se de informações pessoais. No entanto, após recurso do Estadão, a Controladoria-Geral do Estado decidiu pela liberação dos dados, considerando o interesse público.
Fonte: site Diário do Centro do Mundo