A borboleta fumava um cigarro de camomila. Todo absurdo é uma invenção humana. A noite vai sendo atravessada, mastigo algumas pedras, enquanto folheio as histórias escritas na cama. Borboletas, rosas, bilas, vinhos, bolos, cafés, espetinho de carneiro, rua,mochila e pizza, tudo caberia nas histórias que não vou descrever.
No canto do quarto guardo as passagens. Trago um caderno de anotações, amarrotado do tempo e preenchido com o sabor da ternura e da navalha que separa a carne.
É tempo de eleições e o resultado poderá ser inesperado,nem toda previsibilidade é um acontecimento. A borboleta continua fumando um cigarro de camomila e eu misturando as histórias, porque não tem história em linha reta,elas se entrelaçam pelos becos sem saída e pelos caminhos de cupim, atravessam a lama e as passagens secretas, não param.
Escrevo. As palavras pulam, nós já pulamos. Descrevo noites intensas e escuto o choro das crianças. A borboleta morreu.
Alexandre Lucas é pedagogo e integrante do Coletivo Camaradas
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