21 de novembro de 2024
O fascismo como aliado privilegiado do capitalismo e das políticas de austeridade

Foto: Reprodução/Madinbrasil

Clara Mattei, em entrevista ao Opera Mundi, destaca que o fascismo serve como o melhor aliado do capitalismo devido à sua eficácia em implementar políticas de austeridade sem enfrentar a oposição política. Mattei explica que a austeridade é uma ferramenta crucial do capitalismo, pois garante a continuidade da acumulação de capital à custa do sacrifício e opressão das pessoas. Segundo ela, essa política econômica é responsável por problemas como desemprego, pobreza e precariedade, que, em última análise, são “soluções” para a manutenção da ordem do capital.

Ela argumenta que a austeridade não é apenas uma política econômica, mas um projeto político que visa eliminar alternativas ao capitalismo e fortalecer a subordinação de muitos. Nesse sentido, Mattei vê o fascismo como uma forma intensificada de capitalismo, onde as políticas de austeridade são implementadas de maneira mais agressiva, sem as restrições impostas pela democracia.

Mattei também observa que, ao longo da história, regimes fascistas como o de Benito Mussolini na Itália, ou o de Augusto Pinochet no Chile, foram vistos por elites como necessários para proteger a ordem capitalista, especialmente em momentos de radicalização popular. Ela critica a dependência de instituições como bancos centrais independentes, que, segundo ela, estão projetados para implementar políticas que beneficiam o capital às custas do bem-estar público.

A entrevistada sugere que tentar mediar ou reformar o capitalismo dentro de seus próprios termos não é suficiente, e que é necessário apoiar movimentos que desafiam diretamente essa ordem. Ela defende que a “revolução” contemporânea deve ser entendida como um processo contínuo de pressão para a criação de uma economia que atenda às necessidades humanas, em vez de perpetuar a lógica de acumulação de capital.

Mattei conclui que a crise atual não é econômica, mas social, destacando a discrepância entre o crescimento econômico das corporações e a deterioração das condições humanas, como evidenciado pelo conflito em Gaza. Para ela, a continuidade desse sistema sem contestação levará a uma crise ainda mais profunda para a humanidade.

 

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