20 de setembro de 2024

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O livro “Criança Desaparecida na Guatemala como Parte da Estratégia da Guerra: Busca, Casos e Efeitos” (Editora Tempo de Solidariedade, Secretaria da Paz, 212 páginas, 2010) é um potente testemunho da brutalidade enfrentada pelo povo guatemalteco durante o conflito armado que devastou o país. A obra, além de registrar os depoimentos dolorosos de familiares e de algumas das cinco mil crianças arrancadas de suas famílias, se empenha em resgatar a memória histórica de um período marcado por genocídios e crimes de lesa-humanidade perpetrados pelo Estado.

O informe “Memória do Silêncio”, da Comissão de Esclarecimento Histórico (CEH), denuncia a violência indiscriminada e os atos cruéis cometidos contra a população, muitas vezes com apoio dos Estados Unidos e de Israel. Crianças foram alvo de extrema violência, sendo mortas ou submetidas a condições desumanas. A pesquisa detalha como essas atrocidades foram usadas como uma ferramenta de terror, visando desmantelar comunidades inteiras, especialmente indígenas.

O livro também destaca o esforço contínuo de organizações que, apesar das dificuldades, conseguiram reunir algumas dessas crianças desaparecidas com suas famílias, tentando curar as feridas abertas pela guerra. No entanto, a obra sublinha que muitos sobreviventes continuam a carregar as cicatrizes físicas e psicológicas desse período sombrio, e que as redes ilegais de adoção infantil, surgidas durante o conflito, persistem até hoje.

A obra é uma poderosa defesa da importância de recordar e confrontar o passado para construir um futuro melhor, alertando que, sem essa recuperação da memória coletiva, a sociedade não poderá avançar.

 

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