24 de novembro de 2024
PAGINA 12 a comida no prato

 A matemática das provedoras do lar: De onde vem a comida no prato? Trata-se de uma pesquisa descritiva realizada pelos estudantes (educandos) e professores (educadores) mulheres das localidades de abrangência da Escola de Educação do Campo Filha da Luta Patativa do Assaré, localizada no assentamento Santana da Cal em Canindé-Ce. A pesquisa trabalhou com: 1) estudos bibliográficos, 2) coletas de dados e 3) intervenções. o universo de uma amostragem das mulheres provedoras de seus lares, valendo-se da matemática e de seus conceitos de administração de suas rendas, desmistificando o patriarcado para dar visibilidade à essas mulheres na sociedade.

Os objetivos da pesquisa permitiram levantar dados matemáticos e identificar como as mulheres utilizam seus recursos financeiros para administrar o sustento da família. Por outro lado, desmistificar também as ideias do patriarcado sobre a figura da mulher na família, mostrando à sociedade de como as mulheres provêm o sustento do seu próprio lar.

Com base nas vivências deste estudo, foi possível observar de que a Matemática pode ser uma grande aliada (parceira) na estruturação e no planejamento das despesas familiares, especialmente no caso das famílias onde a principal fonte de renda provém de iniciativas sociais como o Bolsa Família, que, lamentavelmente, não é suficiente para otimizar a qualidade de vida. Ao longo da história, a maternidade tornou-se para a mulher, uma das únicas funções valorizadas socialmente, cabendo a ela o cuidado da casa, dos filhos e do marido.

Por muito tempo as mulheres foram sujeitas a aceitar caladas, sem poder dar uma opinião em qualquer assunto político. No campo não era tão diferente, as mulheres do campo mesmo com toda a situação, além do trabalho doméstico de cuidar dos filhos, também ajudava na colheita da lavoura. Quando seus maridos precisaram se evadir do campo pela falta de emprego, a maioria deles deixaram suas famílias. Por esse motivo houve a necessidade das mulheres se tornarem provedoras dos seus lares e suas famílias.

Segundo o IBGE, hoje percebe-se uma realidade diferente, pesquisas mostram que pela primeira vez na história, o número de lares com mulheres como responsável, supera o número de domicílios com responsáveis homens. Em 2021 esse número alcançou os 34,4 milhões, o que significa que quase metade das famílias são sustentadas por mulheres.

Uma realidade é que o projeto no público envolvendo 109 educandos da Escola de Educação do Campo Filha da Luta Patativa do Assaré de Canindé Ceará, identificou que a maior renda familiar vem do Bolsa Família, sendo um total de 57,8% das entrevistadas. Importante destacar que o público alvo é composto apenas por famílias camponesas, compreendendo que há barreiras mais difíceis de derrubar no campo do que nas cidades, citamos como exemplo, as relações de gênero. De acordo com o levantamento, além de identificar o programa Bolsa Família como a principal fonte de renda, identificamos também uma parcela alta de mulheres assumindo as despesas da casa, representando 65,1%, do qual a pergunta se tratava de quem organizava a renda da família das educandas.

Contudo, para as autoras da pesquisa: Vanessa Lopes, Larissa Cavalcante, Érica Almeida, Alexsandra Chaves, Riana Alves, Dhenny Alves – “Foi muito gratificante a realização desse trabalho, pois estamos relatando uma realidade que faz parte do nosso cotidiano, contribuindo bastante para o aperfeiçoamento dos nossos conhecimentos, como também os estudantes e educadores envolvidos.

 

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