20 de setembro de 2024
Cenário histórico e desafios da educação do campo

A educação do campo é um tema amplamente debatido por ocupar um espaço privilegiado na sociedade, por compreender que o seu potencial transformador dialoga com outras importantes possibilidades de desenvolvimento humano; fortalecimento da economia, das relações pessoais, do respeito, dentre outros preceitos que integram o modo de viver do camponês.

Dentro de um processo de resistência à ditadura militar em meados de 1980, as organizações da sociedade civil ligadas à educação popular, incluíram a educação do campo na pauta estratégica para a redemocratização do país. A ideia era reivindicar e construir um modelo de educação condizente com as particularidades próprias à vida dos camponeses. Logo, o termo Educação do Campo surge por ocasião do 1º Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária – ENERA (1990). O evento foi realizado com o propósito discutir e questionar como a Escola do Campo, diferentemente da Escola Rural se diferencia do ensino tradicional no Brasil, onde ela é feita para aqueles que habitam as áreas do campo. Entretanto, uma educação não para as elites, mas voltadas para as classes populares trabalhadoras.

Na concepção ampla, a educação do campo, é uma modalidade de ensino oferecida às populações camponesas (agricultores familiares, assentados e assentadas da reforma agrária, extrativistas, pescadores, trabalhadores e trabalhadoras rurais, quilombolas, povos da floresta) localizados em diferentes territórios. Segundo estudiosos (2004), “a educação do campo pode compreender como fenômenos constituídos por aspectos culturais, políticos, econômicos e de direitos sociais”. Partindo desse entendimento, a educação do campo compõe-se de processos educacionais bem significativos que trabalham a realidade local a partir do despertar dos sujeitos na promoção dos processos educacionais visando consolidar valores e princípios de modo a garantir uma convivência harmoniosa com aqueles que integram o campo.

Desse modo, a educação do campo visa consolidar valores, princípios daqueles que integram o cotidiano do campo. Em linhas gerais, a Educação do Campo evidencia uma atuação no sentido de reivindicar políticas públicas para a educação, como parte de sua luta pela Reforma Agrária e contra as desigualdades socioambientais. A escola do campo apresenta o caminho para estimular o reconhecimento e a valorização da população campesina (homem do campo); buscando a mudança e medidas que viabilizem a formação e a qualificação num paralelo à Educação Rural.

Contudo, as concepções de educação do campo, colocam um novo conceito e um senso comum, estabelecendo a desconstrução de paradigmas (revertendo injustiças) desigualdades educacionais, historicamente construídas e orientados pela “cidade” baseada pelos modelos tradicionais, marcado por desigualdades geradas pelas classes dominantes a serviço dos interesses do patronato brasileiro.

COLUNA CULTURA EM DEBATE

POR ANDSON ANDRADE

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